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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Um templo a céu aberto

25
Jun21

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Ilustração Tomasz Alen Kopera

Sempre me questionei se os pássaros cantavam para as árvores e se elas se deliciavam com o seu canto e se poderiam bater palmas ao sabor do vento, sem ninguém dar por isso. Tenho observado como os gaios confraternizam e se abrigam debaixo da folhagem verde e robusta da grande árvore existente defronte da minha janela. Ao final do dia, quando o sol se acalma e nos diz adeus as sombras da noite começam a invadir o horizonte, pelo meio do arvoredo da avenida aparecem as andorinhas treinando o seu voo vertiginoso em pares, fazendo inveja aos pilotos dos F16, em verdadeiras acrobacias sincronizadas ao centímetro.

Há cerca de dois anos cortaram todas as árvores de rolão, não havia vida nem harmonia naquele espaço, nem poiso, nem sombra, a paisagem era algo fantasmagórico, lembrando um cenário de apocalíptico. 

Penso em como a Natureza consegue ser tão generosa deixando-me  num estado de despertar constante, existe neste poder sereno a linguagem silenciosa de um mistério de milénios, são murmúrios de vento, braços de sol, frescura divina. Alimento encantado sem entrar no corpo. 

Custa-me saber que não viverei o tempo suficiente para que os meus braços não tenham a capacidade de conseguir alcançar o diâmetro do tronco da pequena árvore que plantaram há meses.

 

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