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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

"A vida não está por ordem alfabética"

01
Jun22

cores.jpg Ilustração Cédric Abt

 

A vida não está por ordem alfabética como há quem julgue. Surge... ora aqui, ora ali, como muito bem entende, são miga¬lhas, o problema depois é juntá-las, é esse montinho de areia, e este grão que grão sustém? Por vezes, aquele que está mesmo no cimo e parece sustentado por todo o montinho, é precisamente esse que mantém unidos todos os outros, porque esse montinho não obedece às leis da física, retira o grão que aparentemente não sustentava nada e esboroa-se tudo, a areia desliza, espalma-se e resta-te apenas traçar uns rabiscos com o dedo, contradanças, caminhos que não levam a lado nenhum, e continuas à nora, insistes no vaivém, que é feito daquele abençoado grão que mantinha tudo ligado... até que um dia o dedo resolve parar, farto de tanta garatuja, deixaste na areia um traçado estranho, um desenho sem jeito nem lógica, e começas a desconfiar que o sentido de tudo aquilo eram as garatujas.
 
António Tabucchi, in Tristano Morre
 
 

A personalidade das pessoas são como as palavras num dicionário? À medida que avançam tornam-se mais complexas e distintas, ou seja deixam de ser simples e passam a ter um outro significado, valor?

18
Mar18

Ilustração Antonello Silverini

 

 

pes·so·a |ô| 
(latim persona-aemáscarapersonagem)

substantivo feminino

1. Criatura humana.

2. Personagem.

3. Disposição ou figura do corpo.

4. Personalidadeindividualidade.

5. [Gramática]  Categoria gramatical que indica uma das três circunstâncias de relação do sujeitocom marcas na flexão verbal e nos pronomes pessoais (ex.: eu e nós correspondem à primeira pessoa).

6. [Jurídico, Jurisprudência]  Ser moral ou jurídico.

 
 

"pessoas", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/pessoas [consultado em 18-03-2018].
 
 
 
 
 
 
Alice Alfazema
 

 

De que cor é o teu sol?

14
Jan18

 

Ilustração Fernanda Maya

 

 

 

Deus escreve direito por linhas tortas

E a vida não vive em linha recta
Em cada célula do homem estão inscritas
A cor dos olhos e a argúcia do olhar
O desenho dos ossos e o contorno da boca
 
 

 

 
 
Por isso te olhas ao espelho:
E no espelho te buscas para te reconhecer
Porém em cada célula desde o início
Foi inscrito o signo veemente da tua liberdade
Pois foste criado e tens de ser real
Por isso não percas nunca teu fervor mais austero
Tua exigência de ti e por entre
Espelhos deformantes e desastres e desvios
Nem um momento só podes perder
A linha musical do encantamento
Que é teu sol tua luz teu alimento
 
 
 

 

 

O poema é de Sophia de Mello Breyner Andresen e as ilustrações são da autoria de Fernanda Maya.

 

 

 

 

 

 

 

Alice Alfazema