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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

O efeito da bondade (?)

13
Abr23

IMG_20230404_135317.jpgJá todos experimentamos a sensação de fazer o bem (?), acredito que possivelmente a maioria das pessoas, é certo que todos temos um lado mau, isto tudo é como uma conta de somar, mas daquelas feitas em pé, para quem não sabe: em pé, quer dizer uma parcela por baixo da outra e no fim soma-se. É como os dias, um após outro e não lado a lado. Aumentar a sensação que fazer o bem nos trás é uma solução ao alcance de todos, e poderíamos ter um "mundo maravilhoso", tal como disse o nosso querido Comendador Rui Nabeiro, basta querer, nem sequer é uma questão de poder, é apenas de ação.

O tempo de fora é o tempo de vida

09
Jan23

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Todos envelhecemos, mas não envelhecemos todos da mesma maneira. A uns, envelhecem os olhos; a outros, envelhece o olhar. A uns, envelhece a boca; a outros, envelhece o beijo. A uns, envelhece o pescoço; a outros, envelhece o colo. A uns, envelhece a memória; a outros, envelhece o sonho. A uns, envelhece o corpo; a outros, envelhece a alma. O tempo de fora é o tempo de vida; o tempo de dentro é a vida do tempo.
 
Elisabete Bárbara, in lado.a.lado

Quebrar rotinas

Árvore de Natal

22
Dez22

quebrar rotinas.jpg 

A primeira notícia da Quimera está no livro sexto da Ilíada. Está aí escrito que era de linhagem divina e que na frente era um leão, no meio uma cabra e atrás uma serpente, deitava fogo pela boca e foi morta pelo formoso Belerofonte, filho de Glauco, como os deuses pressagiaram. Cabeça de leão, ventre de cabra e cauda de serpente, é a interpretação mais natural que admitem as palavras de Homero, mas a Teogonia de Hesíodo descreve-a com três cabeças e é assim que está representada no célebre bronze de Arécio, que data do século V. Na metade do lombo está a cabeça de cabra, numa extremidade a da serpente, na outra a de leão. (…) Plutarco tinha sugerido que Quimera era o nome de um capitão com vocação de pirata, que tinha mandado pintar no seu barco um leão, uma cabra e uma cobra. Estas conjecturas absurdas provam que a Quimera já estava a cansar as pessoas e melhor do que imaginá-la era traduzi-la em qualquer outra coisa. Era demasiado heterogénea; o leão, a cabra e a serpente (nalguns textos, o dragão) resistiam a formar um único animal. Com o tempo, a Quimera tende a ser «o quimérico»; (…) A incoerente forma desaparece e a palavra fica para significar o impossível. «Ideia falsa», «pura imaginação», é a definição de Quimera que agora dá o dicionário.

Jorge Luís Borges, in O Livro dos Seres Imaginários