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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Já agora, deixo-vos uma pergunta: o que é ser Mulher?

08
Mar24

IMG_20240219_083320.jpgPodem responder, de vossa justiça, nos comentários. 

As mulheres educam as suas crianças, e as dos outros, para o presente ou para o futuro?

Se as mulheres, as que estão em cargos de primeira linha e as outras - fundamentalmente todas as outras -, fossem mais activas civicamente, os conflitos mundiais poderiam assumir um outro cenário? Como seria se assim fosse? 

A fotografia é de uma ameixeira que encontro todos os dias pelo caminho:

De original não tem nada:
nívea de pétalas e de feição,
de cinco folhas asada,
quantos os dedos da mão.

Par de tanta flor afim,
podia seduzir com o odor,
mas nem mesmo assim:
não tem cheiro esta flor.

Então, o que enfim cativa,
que impressão nos deixa?
Tão-só na boca a saliva,
que lembra o mel da ameixa…

O poema é João de Sousa Teixeira, retirado daqui.

 

Feliz dia da Mulher!

 

Pela poesia se vai até à verdade

07
Dez23
 
 
Hoje, cá dentro, houve festa...

Alcatifei-me de veludo azul,
fiz pintar a Ternura os meus salões,
e pus cortinas de tule...

 

IMG_20231206_103351.jpg

Mas não chamei grandes orquestras
nem um clarim, a proclamá-la:
mandei tocar, em mim,
uma música assim de procissão
que levou os meus sentidos
a nem sequer se sentirem, de embevecidos...

 

IMG_20231206_110935.jpg

Hoje, cá dentro, houve festa...
E, se houve festa e veludos,
e musica azul, e tudo
quanto digo,
foi somente porque a Graça
desceu hoje a visitar-me. 

 

IMG_20231206_110953.jpg

E eu, que vivo de Infinito
as raras vezes que vivo;
eu, que me sinto cativo
no pouco espaço que habito,
onde a presença de dois,
por ser demais, me embaraça,
deixei logo o meu lugar,
para dar lugar à Graça.

 

IMG_20231206_111034.jpg

Não tinha pés: tinha passos;
não tinha boca: era beijos;
não tinha voz: era como
se o folhado e a maresia
se tivessem combinado
pra cantar «Ave, Maria...»

 

IMG_20231206_111040.jpg

Foi então que vivi; então que vi
os poucos metros que vão
da minha Serra às Estrelas:
é que eu, sendo tão pequeno
que nem às vezes me encontro,
andava ali a pairar,
e o meu fim estava nelas
e o meu princípio no Mar.

 

IMG_20231206_111058.jpg 

A Graça, cá dentro, era

a varinha de condão
que me guiava no Ar.
E que bem me conduzia!
Parecia que eu sentia
as mesmas ânsias e a alegria
da Noite quando, no ventre,
já sente os gritos do Dia.

 

IMG_20231206_111322.jpg

O poema é de Sebastião da Gama, o poeta da Serra da Arrábida, as fotografias foram tiradas por mim ontem na Serra.