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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Adorno

23
Jan14

 

Um país de pobrezinhos tem a sua graça, podemos mostrar e demonstrar pormenores já esquecidos, vistos apenas nos livros e relatos. Ó turistas! Querem saber como consigo gerir a minha casa com o horripilante ordenado mínimo de Portugal? Venham cá senhores, que lhes dou da minha sopa e estadia no meu sofá. Será tão divertido, e podem tirar imensas fotografias, talvez até ganhem prémios com isso.

 

Alice Alfazema

A grande economia que devemos seguir...

02
Jul13

 

Ilustração David Ferreira

 

A Lei dos Direitos dos Idosos entrou em vigor esta segunda-feira na China e obriga os filhos adultos, tenham que idade tiverem, a visitarem os seus pais. Quem não cumprir é multado e pode ir para a prisão.

 

Trata-se de uma "mensagem educacional", explicou à BBC Zhang Yan Feng, advogado de Pequim. "É difícil pôr esta lei em prática, mas não é impossível. E é uma base para futuras acções judiciais. Mas se um caso for levado a tribunal acredito que o resultado seja um acordo [sobre o número de visitas]. Se não houver acordo, então o tribunal pode forçar um indivíduo a ir a casa um determinado número de vezes por mês".


"Quem não quer ir a casa com frequência? E o que é que quer dizer 'frequência'?", perguntava um chinês no Weibo.


"Claro que gostamos dos nossos idosos, mas andamos muito ocupados a ganhar a vida e a pressão é muito grande", notava outro.


Outro exemplo: "Aceito que não nos paguem para irmos visitar os nossos familiares, mas alguém tem que nos dar folgas para o fazermos".


Retirado do Público



Alice Alfazema


A barata-germânica

21
Jun13

 

Não há coincidências. A austeridade é amarga ou doce?


Desde o início da década de 1990 que começou a haver testemunhos de baratas a afastarem-se de açúcar, meia dúzia de anos depois de surgirem as armadilhas venenosas que estão revestidas de açúcar. Agora, uma equipa liderada por Coby Schal, do Centro de Biologia do Comportamento da Universidade Estadual da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, foi tentar compreender as mudanças fisiológicas que estavam a surgir em populações da “Blatella germânica”. Esta espécie, mais conhecida por barata-germânica, mede entre 1,3 e 1,6 centímetros e está espalhada pelas casas de todo o mundo.


É surpreendente observar uma barata que não gosta de glucose quando se aproxima de algo com açúcar. “Saltam para trás como se tivessem apanhado um choque eléctrico".



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Alice Alfazema

A memória é um lugar estranho

19
Jun13

 

A memória inverte processos. Esquecida, deixa entrar quem quiser, fazer o que não deve, gostar daquilo que não devia.

 

Há muitos anos eu trabalhava nove horas diárias. O tempo da minha primeira licença de maternidade foi de três meses e meio. Depois desse tempo o meu filho foi para o infantário. Ainda me lembro do primeiro dia. De deixá-lo, embrulhado num xaile branco, às sete da manhã, tão pequenino. Redução de horário por maternidade, uma hora. Com o tempo as condições de vida foram melhorando, houve redução de horário laboral,  aumentou o tempo da licença de maternidade, entre muitas outras coisas. Como e quem fez esta mudança? Foram as lutas dos trabalhadores, de uma indústria que já não existe em Portugal, os trabalhadores das fábricas que fecharam, aquelas que migraram para outros países, depois de usufruírem ao máximo daquilo que queriam. Hoje já esquecidos.

 

 

Quando olho e leio a análise de conteúdo, daquilo que se diz e escreve por aí, noto que realmente a memória é frágil, tal como uma porcelana fina. 

 

A individualidade instalou-se com medo do plágio, no entanto a unidade é que levou à conquista destes bens que, ainda, usufruímos. Pensamentos dispersos dividem. Há, ainda, um saber que não foi descoberto, que existe naqueles que já viveram mais que nós. Há agora a sensação que já se sabe tudo. Mas é só a sensação, essa personalidade sem corpo. Será que é por falarmos muito bem, escrevermos preciosamente, com as virgulas nos sítios certos que sabemos mais que os outros? Há um preconceito generalizado entre gerações, entre classes e géneros.

 

A memória, fina porcelana, depois de partida nada há a fazer.

 

 

Renegar o saber é como renegar a origem. Parece que não temos História que nascemos agora, é certo que o mundo está em mudança, mas isso não implica abandonar o que se sabe. Por isso a insatisfação geral alastra, ninguém sabe aonde pertence. A memória esquecida. Na Natureza há um fio condutor que ensina. O nosso onde está? Para onde foi? Quem o partiu?

 

 

 

Alice Alfazema