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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

direitos humanos

direito do ambiente

24
Nov22

Nos últimos dias temos assistido pela televisão ao falatório sobre aquilo que são os direitos humanos, as explicações resumem-se a breves minutos onde se fala sobre o Mundial de Futebol realizado no Catar, fala-se à boca pequena na morte de milhares de homens por acidentes de trabalho durante a construção dos estádios de futebol, fala-se timidamente na escravidão que é imposta aos trabalhadores domésticos (sem horários nem pausas), tudo isto é intercalado com imagens do luxo existente em vários locais, com a beleza exuberante dos arranha céus e das largas avenidas que deixam antever o Deserto. Entretanto, passamos para a realidade portuguesa onde o assunto tem sido relatado nalgumas plantações agrícolas existentes no Alentejo, os trabalhadores são na sua maioria homens oriundos de países asiáticos, curiosamente o mesmo tipo de trabalhadores que são referidos no Catar, aqui já temos um factor comum de onde vem a mão de obra mais barata actualmente.

Vê-se em imagens televisivas que reportam à pacatez do Alentejo as casas para acolherem estes emigrantes, é referido que  são alugadas à parcela, por cama, em cada quarto chegam a estar mais de cinco homens vindos não se sabe bem de onde, sabe-se no entanto que nos seus países foram recrutados para realizarem trabalhos na agricultura, assim e não sendo necessário experiência ou conhecimento da língua materna é relativamente fácil conseguir-se um emprego aqui, no entanto também se sabe que esses trabalhadores são vitimas de máfias que os recrutam no país de origem e lhes facultam alojamento, assim sem rede de apoio, num país estrangeiro, sem recursos financeiros, sem conhecerem a língua são trabalhadores apetecíveis tanto para os recrutadores como para os empregadores que visam o lucro fácil.

A bandeira do trabalho digno? Talvez devesse ser hasteada em empresas que o praticam. 

Pergunto-me,  qual a diferença entre uns e outros? Será o país que os acolhe? 

Pergunto-me ainda, quem se interessa pelo mar de plástico criado pelas plantações cultivadas em estufa? onde metros e metros quadrados de ecossistemas existentes foram arrasados, tendo em conta a economia local e a criação de emprego, mas e quando este emprego criado não é contratado de forma digna, não interessa? Olha-se para o lado e continua-se? E a destruição dos habitats em zonas de Parque Natural? Não é uma violação do direito ambiental e animal, e biodiversidade na sua vasta dimensão, indo contra natura às gerações futuras. E os furos de água? A água não é um bem escasso que deveria ser gerido em prol de todos, e não apenas de alguns? E o abate de carvalhos e pinheiros mansos centenários, ali para as bandas de Grândola, para a criação de pomares de tangerinas que serão vendidas em Espanha? Aliás o que se passa ali para a zona de Troia e Comporta não diz respeito a ninguém, construções em cima de dunas supostamente protegidas, com fauna e flora sensível à intensificação humana. E ainda, à criação de um recife, em zona de pesca do cerco, são tantos atropelos, que é-me impossível enumera-los a todos, mas é como diz o outro "isso agora não interessa nada".

Para que temos um Ministério do Ambiente?

Missão:

A Secretaria-Geral do Ambiente (SGAmbiente) é um serviço central da administração direta do Estado, dotado de autonomia administrativa.

A SGAmbiente tem por missão garantir o apoio à formulação de políticas, ao planeamento estratégico e operacional, à atuação do Governo daárea do Ambiente e Ação Climática no âmbito internacional, à aplicação do direito europeu e à elaboração do orçamento, assegurar a gestão de programas de financiamento internacional e europeu a cargo do Ambiente e Ação Climática, bem como assegurar o apoio técnico e administrativo aos gabinetes dos membros do Governo integrados na área governativa Ambiente e Ação Climática e aos demais órgãos e serviços nela integrados, nos domínios da gestão de recursos internos, do apoio técnico-jurídico e contencioso, da documentação e informação e da comunicação e relações públicas.

Visão:

"Ser uma referência na Administração Pública portuguesa, no suporte às políticas, na representação internacional e na partilha de serviços."

Pergunto-me, quais os direitos humanos dos meus filhos e dos filhos deles neste país ? País onde se vendem casas a preços exorbitantes e se fazem propostas de redução de impostos a estrangeiros. País onde se abatem  - em nome do progresso e dinheiro - árvores e ecossistemas para dar lugar à crescente  plantação de centrais fotovoltaicas, como se não houvessem telhados suficientes para a colocação dos painéis - chama-se a isto energia verde. Sinto-os escorraçados nos seus direitos consagrados na nossa Constituição, sinto que os velhos já não se importam e os novos não querem saber.  

 

 

As novas formas de escravatura

06
Mai21

Vivemos num mundo em constante mudança, cada vez mais insistimos nos ritmos alucinantes, sabemos que em muitas áreas da nossa vida pessoal e profissional as tecnologias vieram facilitar o nosso quotidiano, no entanto à mistura trouxeram novas formas de escravatura, tudo é facilitado tanto para o bem como para o mal. 

Todos os dias milhões de pessoas são vítimas de escravatura, tráfico humano, exploração para pagamentos de dividas, servidão, tráfico infantil, sejam homens ou mulheres, basta estarem em situação vulnerável para serem aliciadas de forma fácil.

A escravatura moderna é comum, está presente no nosso dia a dia, para isso basta pensarmos a que preço compramos os produtos que usamos para nosso prazer, podemos também incluir neles os bens alimentares. Uma simples promoção, ou preços baixos, podem significar que aquele produto foi produzido sem as justas condições laborais e de pagamento de um salário digno. Assim, o que nos parece como sendo uma coisa boa, tem um outro lado que importa pensar. A cultura do imediato, impede-nos de relacionarmos os factos. Os quais temos noção de que existem, mas tratamo-los como se fossem de um outro mundo. 

Sabemos que, nestes mundos paralelos, nas economias rurais e informais, nas empresas e cadeias de abastecimento globais, nos países em crise e em situação de fragilidade, negam aos trabalhadores os seus direitos humanos básicos no trabalho, poderíamos pensar que é lá longe, e é, mas também é no Alentejo. E dói. Dói ver como estas pessoas - apesar de tudo - ainda se sentem felizes por terem uma vida assim.