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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

#diariodagratidao 18-04-2019

18
Abr19

escrita.jpg

 

Ilustração  José Rosero

 

Imaginemos que misturamos todas as nossas vivências, e as pomos assim dentro de um passador, deixamos apodrecer esses dias até escorrer uma tinta, na qual escreveremos o resto da nossa história. De que cor seria o fim da tua história? Escura? Clara? Colorida? Acrescentarias algum tom em especial? Deixarias a tinta escorrer sem nunca a utilizar?

 

A folha de papel e a tinta

16
Set10

 Uma folha de papel que estava em cima de uma escrivaninha juntamente com outras iguais a ela, um belo dia apareceu toda manchada de sinais.

Uma pena, molhada numa tinta muito negra, escrevera na folha de papel uma quantidade enorme de palavras.

- Não podias ter-me poupado esta humilhação? - Disse, aborrecida, a folha de papel à tinta - Sujaste-me toda, estragaste-me para sempre.

- Espera - respondeu a tinta - Eu não te sujei, eu cobri-te de palavras. A partir de agora não és uma folha de papel. És uma mensagem. Porque guardas o pensamento humano tornaste-te um instrumento precioso.

De facto, pouco depois alguém veio arrumar a escrivaninha e vendo aquelas folhas espalhadas juntou-as e preparou-se para as atirar ao lume. Mas logo reparou na folha "suja" de tinta e, então, separou-a das outras e pôs no seu lugar, bem visível, a mensagem da palavra.

 

Leonardo Da Vinci