O céu apresenta-se nublado, muito nublado, as gaivotas andam perto de terra, abandonaram temporariamente o horizonte. Os cogumelos começam a dar o ar da sua graça. Os trevos continuam na sua maioria com três folhas. A erva encharcada da chuva é muito atraente, mas molha descaradamente os sapatos dos mais afoitos. É tudo por agora.
Estive a enumerar este diário para que ficasse mais fácil de perceber isto, assim já lá vão dezasseis dias, é isto, parece que o tempo passa devagar, mas não. Neste momento o meu filho está a declamar o poema Mostrengo, eu sou o júri e vou avaliar a declamação. Qual é o pior mostrengo que podemos enfrentar por estes dias? Será o tempo? A falta de paciência? A ansiedade? O medo? A desinformação? O vizinho que teima em cantar? O badalhoco que deita luvas e máscaras para o chão? Andar de transportes públicos? Despejar o lixo?
Hoje está um dia magnífico de tempestade. Eu gosto de tempestades. São assim como um obstáculo que precisa de ser ultrapassado. Depois vem a calmaria, o sossego. Abençoado... abençoada. As gaivotas dançam entre as nuvens negras. Eu gosto de as ver rodopiar. São livres. E isso é tão importante.