Tal cão
tal dona
Dizem que os cães são idênticos aos donos, é verdade, confirmo. Ora assim, o meu cão não suporta muito calor, eu também não. Nem gosta de frio, eu também. Não gosta de muitas festas, eu igualmente. Adora retirar-se para dormir uma sesta, eu idem. Não tem dono favorito, para ele todos tem um propósito: euzinha. Está-se marimbando para a sua reputação social, mais eu. Gosta mais de peixe que de carne, é genético.
Um outro ponto muito importante e decisivo para que se diga tal cão tal dona é o facto de nenhum brinquedo sobreviver às suas brincadeiras, tal como a dona quer ver mais qual a utilidade da coisa do que realmente brincar. Eu nunca brinquei com brinquedos de forma querida e cuidada, eu sempre arranquei os olhos às bonecas para ver o que estava por detrás de cada olho, qual o mecanismo da pálpebra, ou então arrancar o braço e a perna para perceber como era a dinâmica do encaixe, cortar os cabelos, molhá-los e secá-los com o secador bem quente, automaticamente ficavam encaracolados. Com o passar do tempo fui-me tornando perita em tirar braços, olhos e pernas e voltar a encaixar tudo na perfeição, assim como desmanchar um piano de cauda minúsculo e um órgão cor-de-rosa e voltar a colocar tudo no lugar.
Eis aqui a verdade dos factos (dez minutos, nem mais):