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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Semente

Doce de abóbora

09
Abr22

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Filha de ventre

insubmisso

nasci em terra estranha

e a fertilizei

com sangue

de meus ancestrais.

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Enterrado aqui meu umbigo este chão se fez

minha casa também.

Escarafunchei as entranhas desta terra

 suas águas

seus mistérios mais íntimos como se fosse o solo que de verdade me pariu.

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Aqui brotei, lancei raízes

no mais fundo deste solo. Finquei os pés

e me ergui

como se estivesse

no meu lugar primeiro

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Feito antigo embondeiro

vi da pele

verter a seiva

da flor, o odor

do fruto, a semente

que outra vez rebenta

e retorna ao lugar de origem.

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Poema de Neide Almeida, in Nós 20 poemas e uma oferenda.

sementes

28
Dez21

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Guarda a semente que te traz o vento
porque o deserto vai até onde o eco das palavras não chega.
Não desperdices o que nasce a cada momento
porque a noite é mais densa que a luz dos olhos
e mais extenso o mundo que a noite mais densa.
 
Guarda o que se perde a cada passo, os cacos que restam
das visitas do amor.
Recolhe as pétalas que sobram
que as magnólias serão debulhadas até aos confins
da nebulosa e espezinhadas as rosas até
à raiz do espinho.
 
Uma só semente, um grão que seja
na roda do vento, contém suspenso o universo
a flor renascente da vida.
 
 
Poema de Rui Miguel Fragas