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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Meninas depois mulheres

se lá chegarem...

19
Ago21

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Fotografia © Boushra Almutawakel

Hoje é dia mundial da fotografia. 

Eu não me interessa que haja mais moderação sobre o que é ou não é o Direito das mulheres. O que me interessa são os Direitos das  mulheres  por inteiro. Porque já chega de sermos tratadas como seres de segunda.  Não é uma questão de feminismo, ou de outro qualquer rótulo que lhe queiram chamar. É sobretudo uma questão de justiça.

Apesar de sermos geradoras de vida, e portanto também propagadoras da espécie, temos sido ao longo dos tempos relegadas para segundo plano, muitas vezes pelas razões mais estapafúrdias, hoje vemos pelas imagens que nos chegam através de vários meios de comunicação social a selvajaria do que é viver como mulher em determinadas sociedades, quer por crenças religiosas, de poder, ou de pura ignorância. E o mundo assiste ano após ano impávido e sereno, um mundo com muitos homens no poder, sem projectos que levem ao fim destas atrocidades, sem diplomacia nesse sentido, sabendo porém que nascer-se mulher é meio caminho para uma vida de pobreza, violência e  injustiça social. 

 

Jesus Cristo

Páscoa 20/20

10
Abr20

Falar sobre Jesus Cristo, antes de Cristo, depois de Cristo, todos nós de alguma forma sabemos a história de Jesus, na História existe a barra antes e depois de Cristo, como se tal indicasse uma terminação e um começo. Estamos agora na Páscoa, em época de quarentena para os cristãos, ironicamente alargada agora a tantos outros. Considero Jesus um homem à frente do seu tempo, tenho alguns conhecimentos laicos sobre a Bíblia, a minha visão sobre a Bíblia e o propósito de Jesus Cristo é baseada naquilo que li em criança e jovem adulta, sendo a minha mãe uma pessoa religiosa, mas sem poder ler, cabia-me a mim fazê-lo, ela pedia-me e eu fazia de interlocutor, lendo passagens da Bíblia, voltando atrás quando ela não entendia, lia como se lê uma história a uma criança, um dia ela comprou uma Bíblia ilustrada, com páginas maravilhosas e debruadas a ouro, o livro era muito grande, a nossa troca era simples, eu lia aquilo que ela queria saber, e ela comprava-me os livros que eu quisesse ler. 

 

Ler assim sobre Jesus Cristo dá-nos outra perspectiva para além da religião, ler como quem lê uma história qualquer, verificar que tudo aquilo é escrito a várias mãos e em diversos contextos, se retirarmos apenas as palavras de Jesus, no modo como ensinou através de palavras e acções poderemos concluir que a diversidade nunca foi um problema para ele, assim como o papel da mulher na sociedade, tal como fala das prostitutas e dos mais pobres, um homem não pode viver sozinho, nem rejeitar a sua condição animal, mas o ser humano pode escolher ser bom ou mau, independentemente do seu género ou condição social.

 

Não acredito que ele valorizasse tanto o seu sofrimento na cruz, que até gostasse de ver isso em cada altar, onde as pessoas vão adorá-lo, acredito sim, que fora da cruz a sua imagem é mais apaziguadora e didáctica, que os braços abertos ao mundo levam a milhares de boas acções, nessas sim acredito, não acredito em confissões e mãos no peito, acredito em mãos estendidas à procura do que pode ser feito para melhorar. O sofrimento nunca deveria ser  adorado nem ter local de adoração, a adoração na alegria e no lugar ao próximo era esse o propósito de Jesus, por mim continuo a vê-lo como o via em criança, um homem que acredita, que sabe que é possível fazer acontecer quando se quer e se luta para isso, em que todos somos diferentes, mas podemos nos tornar apenas Um. 

 

É no Um que está a força, antes ou depois de Cristo é e sempre foi assim.