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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Labirinto ao ouvido

03
Fev20

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Um pai antes de morrer disse ao seu filho:

– Este é um relógio que o teu avô me deu. Tem mais de 200 anos. Mas antes de te o entregar,  peço-te que vás ao relojoeiro do centro e diz-lhe que queres vende-lo, para veres quanto ele vale.

O filho foi. Depois voltou e disse ao pai:

– O dono da relojoaria paga-me 5 euros porque diz que ele é velho.

 

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O pai disse-lhe:

– Vai ao café e pergunta ao dono quanto é que te dá por ele.

O filho foi. Depois voltou, e disse:

– Pai, também me pagam 5 euros.

 

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– Muito bem. Peço-te, por último, que vás ao museu e mostres o relógio ao diretor.

Ele saiu e algum tempo depois voltou. Disse então ao pai:

– Não vai acreditar. O diretor disse-me que este relógio vale 250 mil euros!

 

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Então, o pai disse-lhe:

– Queria que percebesses que no lugar certo avaliarão o teu valor da forma correta. Não escolhas o lugar errado. E se o fizeres, não te revoltes se não te valorizam.

Quem conhece o teu valor irá apreciar-te. Saberás então que esse é o lugar certo para ti.

 

 

Não sei a autoria do texto, as ilustrações são de Sofia Bonati

#diariodagratidao 04-06-2019

04
Jun19

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Ilustração  Robert Dunn

 

 

O som do relógio

Tem a alma por fora,

Só ele é a noite

E a noite se ignora.

 

Não sei que distância

Vai de som a som

Rezando, no tique

Do taque do tom.

 

Mas oiço de noite

A sua presença

Sem ter onde acoite

Meu ser sem ser.

 

Parece dizer

Sempre a mesma coisa

Como o que se senta

E se não repousa.

 

 

Poema de Fernando Pessoa