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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

As pessoas estão fartas?

23
Mai25

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As pessoas estão fartas? Mas fartas de quê? Se a maior parte não se mexe para nada. Os grandes aglomerados de gente resume-se a estádios de futebol cheios, a festas religiosas e a festivais de música. Apenas, num exemplo, temos no panorama nacional, verdadeiros atentados à Natureza, que ninguém quer saber, destroem-se serras, abatem-se árvores a torto e a direito, tanto em meio urbano como em meio não urbano, apenas meia dúzia de gente se manifesta. A informação que é dada nos noticiários nacionais espelha bem, aquilo que referi, não há assunto que leve ao pensamento crítico, uma boa parte de gente é educada pelos reality shows, e vota por essa mesma lógica. 

No quotidiano, perceber mais que meia dúzia de frases torna-se num pesadelo, o encadeamento do pensamento resume-se "à dinâmica do jogo", no fundo a maldade, a falta de senso comum e empatia, são agentes de prepotência vestida de uma verdade absoluta, que muita gente gosta de acreditar.

Questionar e questionar-se dá trabalho e exige tempo. Pergunto-me a quanto tempo estamos da loucura globalizada? Num mundo primeiramente virado para a economia, vazio de valores humanos, animais ou de natureza, galopando cada vez mais rápido para o não discernimento entre o bem e o mal, somente procurando resultados como se tudo isto fosse uma gigantesca empresa, e nada mais valesse a pena. Afinal para que serve agora a morte? Na realidade, parece-se que a morte agora é feita de sangue quente, e de gente que fala, e que anda, que dorme e acorda, mas sem dar por isso. 

Micro contos: À pesca de comentários

06
Set23

Penteou-se e alisou automaticamente os cabelos compridos, aquela escova nova fazia maravilhas, olhou-se ao espelho como que para conferir a tonalidade dos cabelos, ligou então o telemóvel, verificou o plano, parecia razoável, as lágrimas começaram-lhe a cair pela cara, falou para a lente algo e enviou o vídeo para a rede. Ficou então a aguardar os comentários. 

Virgolinho o ET cientista social

Capitulo II

26
Nov22

caracol.jpg Fotografia Katarzyna Załużna

Virgolinho desviou o olhar daquela imagem fantástica, conhecia a maciez das penas dos pássaros, de onde vinha as aves eram adoradas como símbolos de liberdade e de sonho, pois tinham o poder mágico de atravessarem os buracos negros entre universos e transformarem as cores das suas penas através da energia quântica, de uma só vez mudavam de tamanho e de cor, era quase impossível haver uma catalogação de cada espécie, visto andarem em constante mutação. Era estranho estar a comparar os dois mundos, principalmente porque os que viviam ali em baixo tinham a noção de viverem sozinhos no vasto universo. Ligou o comando principal da nave, este podia ser comparado a um grande computador terrestre, era dali que retirava a informação que necessitava para se manter actualizado sobre cada mundo que visitava. Naquele comando era possível fazer qualquer tipo de pesquisa, o cruzamento de dados que ali tinha sido introduzido permitia a Virgolinho conhecer e ter a noção aproximada de como os terrestres se comunicavam através da escrita. Verificou que havia agora um outro mundo paralelo à realidade, a que os terrestres chamavam de redes sociais, Virgolinho ligou-se às redes e começou a ler o que eles chamavam de comentários, depreendia que aquilo seria uma forma de expressão, no entanto o que o surpreendeu é que havia  nesses ditos comentários uma forma de agressão verbal jamais expressada com essa dimensão no chamado mundo real, ficou também curioso em perceber o porquê  desse tipo de comportamento ser aceite em sociedade como liberdade de expressão. Anotou alguns desses comentários como fonte de pesquisa, mais tarde iria tratar de documentá-los, depois pensou que teria de reformular toda a sua pesquisa já antes feita na Terra. 

 

VER CAPITULO ANTERIOR:

Capitulo I

Diário dos meus pensamentos (47)

05
Mai20

ler.jpg

Ilustração  Dani Torrent

 

Cada pessoa tem o seu mapa imaginário, os nossos pensamentos são formas de comunicarmos, e através deles passamos sensações aos outros, pode ser um olhar, um sorriso, o tom da nossa voz,  as nossas atitudes corporais. Os nossos pensamentos afectam os nossos músculos, se pensarmos em algo bom podemos nos descontrair, se pensarmos em algo mau é possível que tenhamos tensão e irritabilidade. Se pensarmos constantemente no mesmo que tamanho terá o nosso mapa imaginário? E se nos abrirmos a vários outros pensamentos que nos levem a ter outras atitudes, teremos a possibilidade de fazer crescer esse mapa? O mapa não é um território físico, mas é um instrumento para lá chegar. Ao escrevermos estamos também a passar o nosso mapa mental para o seu estado físico, e aquilo que escrevemos revela as nossas atitudes, não na forma de um olhar, ou sorriso, mas nele se incluem a alegria, a tristeza, a frustração, a raiva, a gratidão, o apreço, de entre outras, assim, as respostas que damos de forma escrita devem ser pensadas da mesma maneira que da forma falada, a escrita não tem um som, até alguém lê-la em voz alta, não é apenas nas virgulas e nos pontos que pomos a intenção, mas é em todo o cuidado que devemos ter em escolher as palavras e em saber o seu significado, escrevendo de forma clara, descomplicada para que a mensagem tenha conexão positiva.