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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

povos

03
Nov22

 

 Ilustração  Siiri Väisänen

Acho muito significativo, sob esse ponto de vista, que Husak tenha mandado expulsar das universidades e dos institutos científicos cento e quarenta e cinco historiadores tchecos. (Dizem que, para cada historiador, misteriosamente, como num conto de fadas, um novo monumento de Lenine surgiu em alguma parte da Boémia.) Em 1971, um desses historiadores, Milan Hübl, com seus óculos de lentes extraordinariamente grossas, estava no meu apartamento da Rua Bartolomejska. Olhávamos pela janela as torres do Hradeany e estávamos tristes.

- Para liquidar os povos- dizia Hübl-, começa-se por lhes tirar a memória. Destroem-se seus livros, sua cultura, sua história. E uma pessoa lhes escreve outros livros, lhes dá uma outra cultura e lhes inventa uma outra história. Em seguida, o povo começa lentamente a esquecer o que é e o que era. O mundo à sua volta o esquece ainda mais depressa.

Milan Kundera, in O livro do riso e do esquecimento

 

 

 

E se a Mãe Terra falasse connosco o que nos diria?

09
Set17

 

Ilustração  Christian Koh-Kisung Koh

 

Somos filhos da Terra, por algum motivo voltamos ao pó.

 

Dizem os entendidos que fazemos parte do mesmo material que compõem as estrelas. Habitamos um planeta lindo, mas procuramos outros mundos para sobreviver. O nosso corpo tem pouco tempo de vida, mas julgamo-nos eternos.

 

De todos os animais que habitam este maravilhoso mundo somos aqueles que menos respeitam a sua origem, senão o único. Comemos mais do que precisamos para viver, temos muita pele para vestir, fazemos montanhas de lixo, muitos nem sabem distinguir o necessário do desnecessário.

 

Valorizamos muito uma marca de vestuário, ou de uma outra porcaria qualquer, e há quem pague milhares em dinheiro para tê-la, entretanto não olhamos para um céu azul como uma preciosidade. Não vemos as árvores como uma obra de arte. Ou o canto de um pássaro como uma prova de liberdade. Comercializamos a liberdade dos outros em lojas, os outros são os chamados animais irracionais.

 

Somos também compostos por água, muita água, e sem ela não somos nada. No entanto as marés vão e vêm sem que haja grande admiração por isso. O plástico alastra nas nossas águas e também em nós, pois já entrou na cadeia alimentar de algumas espécies. Estamos poluídos. Na mente e no corpo.

 

Vemos imagens de furacões nas televisões ou em qualquer outro aparelho tecnológico, dizem os relatos que estes fenómenos nunca antes foram vistos em tal dimensão, ninguém sabe ao certo, no entanto dizem por dizer. Entretanto mostram as imagens de destruição como se fosse um espectáculo de drama, porque há mortos, quantos são? Como morreram? Há uma curiosidade mórbida em saber como se morre que vende, vende, vende, mas quem são os mortos? Quantos animais morreram para além dos humanos? Ou  a morte é só uma coisa humana? E o sofrimento também é um sentimento apenas humano?

 

 

Se a Mãe Terra falasse connosco certamente diria que somos umas bestas porcas e mal-agradecidas. 

 

 

Alice Alfazema

 

 

Coisas boas do nosso tempo

28
Jun17

O Governo timorense quis ajudar o povo português, após o imenso incêndio que deflagrou em Pedrogão Grande, em 17 de Junho de 2017, onde dezenas de pessoas morreram e mais de uma centena ficaram feridas, e muita gente ficou sem casa, sem roupa, sem nada.

 

Timor-Leste decidiu doar 1,5 milhões de dólares (1,33 milhões de euros) em ajuda humanitária para apoiar as vítimas desta tragédia.

 

“Timor-Leste mais uma vez mostrou estar ao lado de Portugal. A doação que fizeram de 1,5 milhões de dólares americanos, é mais que o valor material! Tem um grande valor espiritual e emocional. Povo amigo! Obrigado! Este gesto de Timor-Leste é um gesto que nos leva a pensar o quão esse povo é nosso amigo”

 

José Cid

 

Casado com a timorense Gabriela Carrascalão, o cantor português falou ainda da opinião da sua mulher sobre a quantia que o país doou a Portugal.

 

 

“Um jornalista perguntou à minha mulher ( a Gabriela é Timorense), se não achava a quantia muito elevada e se não fazia falta ao país. Ela humildemente respondeu: ‘Timor hoje é livre, a liberdade de Timor não tem preço, e essa liberdade foi conseguida também com a ajuda de Portugal...

 

 

 

Obrigada Timor-Leste!

 

 

Texto retirado daqui.

 

 

 

Alice Alfazema