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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Dança com árvores

26
Jul21

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Sob estas árvores ou aquelas árvores

        Conduzi a dança,

Conduzi a dança, ninfas singelas

        Até ao amplo gozo

Que tomais da vida. Conduzi a dança

        E sê quase humanas

Com o vosso gozo derramado em ritmos

        Em ritmos solenes

Que a nossa alegria torna maliciosos

        Para nossa triste

Vida que não sabe sob as mesmas árvores

        Conduzir a dança...

 

Poema de Ricardo Reis

 

 

Dislexia

13
Jan21

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Poderiam ser cenários de um outro mundo, mas não são. Poderiam ser fantasias de um artista deveras criativo, talvez sejam. Parecem verdadeiras obras de arte, cuidadosamente criadas, horas e horas de intenção utilitária. Um abrigo. Uma barreira. Uma corrente aérea. É pedra. É neve. 

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Museu ao vivo. Sala aberta à aventura. Escadas para os sonhos mais incríveis. Sempre em mudança. A despertar os sentimentos. Incompreendido. Pouco valorizado. Irrelevante para a grande maioria. Desconhecido. Sem propósito. Este é o nosso mundo. O que pisoteamos vezes sem conta.

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Asag teve relações sexuais com todas as montanhas do mundo. Só o cume das montanhas satisfazia Asag. Porém, as rochas mais altivas tinham medo de como seria o filho de Asag. Já que, embora as montanhas fossem belas, Asag era o demônio mais repugnante do mundo. Tão horrendo que só sua presença fervia vivo os peixes dos rios e trazia malária aos homens nus. Após setenta e sete eras, num dia quente e púrpuro, Asag expeliu seu filho sobre uma absorta planície. O filho de Asag espalhou-se como uma lama sob as montanhas que, assustadas, temiam a insurgência de um ser rochoso e putrefato. Depois de 7 dias de chuva prateada, sob o pé da cordilheira ergueu-se uma criatura ruidosa coberta de pedra a qual o homem chamou de cidade.

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As fotografias são de Jürgen Stern

Poema é de Bruno Villela