Poderiam ser cenários de um outro mundo, mas não são. Poderiam ser fantasias de um artista deveras criativo, talvez sejam. Parecem verdadeiras obras de arte, cuidadosamente criadas, horas e horas de intenção utilitária. Um abrigo. Uma barreira. Uma corrente aérea. É pedra. É neve.
Museu ao vivo. Sala aberta à aventura. Escadas para os sonhos mais incríveis. Sempre em mudança. A despertar os sentimentos. Incompreendido. Pouco valorizado. Irrelevante para a grande maioria. Desconhecido. Sem propósito. Este é o nosso mundo. O que pisoteamos vezes sem conta.
Asag teve relações sexuais com todas as montanhas do mundo. Só o cume das montanhas satisfazia Asag. Porém, as rochas mais altivas tinham medo de como seria o filho de Asag. Já que, embora as montanhas fossem belas, Asag era o demônio mais repugnante do mundo. Tão horrendo que só sua presença fervia vivo os peixes dos rios e trazia malária aos homens nus. Após setenta e sete eras, num dia quente e púrpuro, Asag expeliu seu filho sobre uma absorta planície. O filho de Asag espalhou-se como uma lama sob as montanhas que, assustadas, temiam a insurgência de um ser rochoso e putrefato. Depois de 7 dias de chuva prateada, sob o pé da cordilheira ergueu-se uma criatura ruidosa coberta de pedra a qual o homem chamou de cidade.
As fotografias são de Jürgen Stern
Poema é de Bruno Villela