Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Cada um sente o que é

25
Abr18

 

Ilustração  Kristina Swarner

 

 

Quem, portanto, não ama a solidão, também não ama a liberdade: apenas quando se está só é que se está livre (…) Cada um fugirá, suportará ou amará a solidão na proporção exata do valor da sua personalidade. Pois, na solidão, o indivíduo mesquinho sente toda a sua mesquinhez, o grande espírito, toda a sua grandeza; numa palavra: cada um sente o que é.

 

 

 

Arthur Schopenhauer

 

 

 

Alice Alfazema

Pela estrada fora

09
Nov14

Olhou para o rio e pensou que era diferente dos outros, as cenas que sentia nunca eram faladas, guardava para si as expressões agrestes do quotidiano, pensava ele que nas outras mentes havia uma normalidade imposta por outros raciocínios. Os rótulos impostos pela sociedade normalizada perturbavam-no, iam e vinham os pensamentos soltos e azedos. Decidiu sentar-se na relva acabada de cortar, também ela normalizada pela máquina, passou-lhe a mão pelo verde e aspirou o cheiro daquela cor esperançosa. Deitou-se, e os seus olhos ficaram a par da normalidade do corte da relva. Afinal, nada havia de normalizado naquela linha verde, havia uma aparente normalização, apenas ao primeiro olhar, depois tudo mudava, uns inclinados, outros torcidos, outros mais curtos, apenas juntos pareciam iguais, porque separados eram todos diferentes. 

 

Alice Alfazema