Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Uma flor num muro de um jardim

12
Out22

IMG_20221011_083205.jpg

Uma flor ergue-se num muro de um jardim e recolhe as gotas de água caídas do céu, nuvem passageira, nuvem generosa que acalma a sede. Essas gotas percorrem as pétalas sedosas e delicadas, como carícias descem devagar, percorrendo cada pedaço, descendo até ao caule, alimentando a raiz. Lambendo o perfume. A manhã emerge devagar assistindo àquele pecado.

 

Desatentos

04
Jan22

orquideas.jpg

Fotografia Ondřej Prosický

Era uma vez um caminho que se vestia de musgo durante o inverno, ao longe fazia lembrar o veludo mais fino e delicado  que era vendido nas melhores lojas, por cima dele o orvalho deixava pérolas que se evaporavam ao longo da manhã, alguns insectos bebiam delas com delicadeza ímpar, e no meio daquele tapete um rasgo estragou aquele manto, uma pequena semente espreguiçou-se e duas folhas ergueram-se ao céu. Ao longe um pássaro cantou. 

 

Exótica e esplendorosa,
a orquídea é flor bizarra
que nos deixa intimidados.
Porque é que a mãe natureza
pôs nela tantos cuidados?

É linda como as mais lindas
mas não é nada modesta:
sabe ser a preferida
para uma noite de festa?

Mas as outras flores singelas,
sendo acaso menos belas,
não precisam ter ciúme.

Que afinal a natureza,
se às orquídeas deu beleza,
retirou-lhes o perfume.

 

Poema de Rosa Lobato Faria