Advento 2021
Dia 20
Ilustração Margaret Berg
Coragem.
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Ilustração Margaret Berg
Coragem.
Ilustração Anna Silivonchik
Pensar tem sido nos últimos tempos reduzido a poucos temas, sendo que o medo corroi qualquer tipo de vontade, e o que temos vivido já há muitos meses é um misto de medo e stress, dois grandes monstros destruidores de personalidade. Como é sabido o cérebro precisa de se manter activo, tal como qualquer outro músculo, através dos hábitos que temos, assim se reduzirmos estes a duas ou três acções é natural que nos tornemos menos eficientes, julgando até que perdemos muitas das nossas capacidades.
E o que resta é erguermo-nos e voltar a fazer uma e outra vez até que o medo se acabe, tal como um menino que começa a andar sem conhecer aquilo que lhe espera.
Ainda ontem pensava que não era mais do que um fragmento trêmulo sem ritmo na esfera da vida. Hoje sei que sou eu a esfera, e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim. Eles dizem-me no seu despertar: " Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia sobre a margem infinita de um mar infinito." E no meu sonho eu respondo-lhes: "Eu sou o mar infinito, e todos os mundos não passam de grãos de areia sobre a minha margem." Só uma vez fiquei mudo. Foi quando um homem me perguntou: "Quem és tu?"
Gibran Khalil Gibran
Gibran Khalil Gibran
Gibran Kha Gibran Khalil Gibranlil Gibran
Ilustração Peter Gut
Há muito, muito tempo, na era do covid, num país chamado Portugal, onde viviam cerca de dez milhões de habitantes, as pessoas foram obrigadas por lei a usar máscara enquanto andavam nas ruas das cidades e das vilas, era assim que estava estipulada a melhor maneira de conter a disseminação do vírus, quem não cumprisse poderia incorrer numa multa valente, mas depois vieram os ingleses e os empregados de mesa viveram felizes para sempre.
Ilustração Calita
Agora é tudo a líquido, muito chá, algum café, e água, até os pensamentos estão líquidos, que de tão aguados que andam nem chegam a lógicos. É boiar, é boiar minha gente, até que maré amanse. E quando eles jorrarem em torrente descontrolada é encontrar um lugar seguro acima da corrente, é fintar a tristeza, o desânimo, a opacidade dos dias, por vezes não se sabendo como, apenas esperando que o dia acabe, e que venham muitos dias depois, e mais e mais, até que perfaça um mês, e outro, e ainda mais um, somando mais dois, multiplicar por três, e talvez chegue depressa o tempo de curar as feridas.