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Tenho um punhado de terra já exausta, cultivei tantas coisas nela e durante tanto tempo que anulei por completo a sua reprodução, fartei-me de a regar, mas a terra era sempre a mesma, as culturas não nasciam, ou então cresciam raquíticas e sem sabor. Foi longo o período em que estive em busca de encontrar as soluções para que tudo aquilo tivesse um final fim feliz, culpava a terra, as sementes, a água, o Sol, o vento, a chuva, o frio. Nem me lembrava que a agricultora era eu, as escolhas eram as minhas, o tempo era o meu. Um dia fartei-me daquela terra e olhei à minha volta, havia tanta terra bravia por descobrir. Montanhas, vales, planícies. Porque continuava eu ali a tentar obter algo quando o que via não me levava a nada?
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Um punhado de pó,
um punhado de terra,
um punhado de vida,
por cada um - três actos.
Em cada acto uma verdade,
de trás para a frente,
em linha,
a coberto e a descoberto.
Um mundo por inventar,
para descobrir,
ousar,
um punhado de tudo.
Ilustrações são de Hannah Lock