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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Conversas da escola - Encontro imediato

30
Ago18

Abri o portão e entrei sozinha na escola, a manhã ainda estava fresquinha, era fim de Agosto, os pássaros esvoaçavam por ali e a relva estava regada de fresco. Liguei o sistema, piquei o ponto e parto para a desactivação do alarme, coloco a chave na fechadura  e entro num outro local, sei que tenho pouco tempo até aquilo começar a apitar, sinto sempre um friozinho entre o entrar no espaço e o carregar na última tecla.

 

Já tenho os óculos colocados antes de abrir a porta (tenho que os por antes porque não posso perder tempo a colocá-los agora), uso-os para ver ao perto, na parede do meu lado direito tenho uns quadros de cortiça com vários avisos afixados, estico o braço direito para o teclado e roço o braço num dos quadros, pelo canto do olho direito vejo um rabo meio esverdeado e parecem-me ser pintas brancas, tudo isto está a uns dez centímetros da minha cara...um arrepio percorre-me a espinha, não posso fugir, nem gritar para aliviar a tensão, aquela porcaria pode disparar a qualquer momento, uns suores frios enchem-me o cérebro, a mão está a meio caminho de terminar a desactivação. Escolho esticar o dedo e continuar com a operação, finalmente consigo carregar no último dígito e saio dali em passo recuado e rápido. 

 

Sou uma heroína, venci o meu medo, do apito e da osga. 

Avistamento

12
Mar14

 

Fotografia do blogue Arca de Darwin, um blogue a visitar para aprender e ser surpreendido, aproveitem.

 

Hoje foi avistada, no meu local de trabalho, a primeira osga do ano. Segundo me relataram foi vista a sair de uma sarjeta, portanto acabou-se a minha despreocupação com as janelas, as portas, os vasos, os canteiros, as paredes, o pátio, as mesas...

 

Há uns anos atrás eu era uma medricas em relação a estes bicharocos, hoje posso afirmar que já não grito tão alto quando vejo alguma, que já peguei em ovos de osga pensando que eram dos passarinhos e que tinham caído da árvore para o canteiro, é de salientar que quando descobri o que estava dentro do ovo, viva e de boa saúde, senti que nunca mais ia ser a mesma pessoa que tinha sido até então. Foi a partir daí que comecei a monitorizar as osgas que existem no pátio. Há a osga bibliotecária, aquela que está na parede da biblioteca, a outra que vive na arrecadação da esquerda e a vizinha que mora na arrecadação da direita, portanto uma toma banhos de sol de manhã a outra à tarde. Há ainda uma que gosta de estar por detrás da máquina do café, essa parece-me ser a mais velha de todas, é mais gorda e escura. 

 

Todas têm um ar simpático e gostam de me admirar, penso que sou uma musa para elas. Estava desejosa deste regresso, aliás durante o Inverno lembrei-me muitas vezes delas, de como resistem ao frio e de onde estarão escondidas. Estou em pulgas à espera do derradeiro encontro.

 

Alice Alfazema