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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

As pessoas estão fartas?

23
Mai25

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As pessoas estão fartas? Mas fartas de quê? Se a maior parte não se mexe para nada. Os grandes aglomerados de gente resume-se a estádios de futebol cheios, a festas religiosas e a festivais de música. Apenas, num exemplo, temos no panorama nacional, verdadeiros atentados à Natureza, que ninguém quer saber, destroem-se serras, abatem-se árvores a torto e a direito, tanto em meio urbano como em meio não urbano, apenas meia dúzia de gente se manifesta. A informação que é dada nos noticiários nacionais espelha bem, aquilo que referi, não há assunto que leve ao pensamento crítico, uma boa parte de gente é educada pelos reality shows, e vota por essa mesma lógica. 

No quotidiano, perceber mais que meia dúzia de frases torna-se num pesadelo, o encadeamento do pensamento resume-se "à dinâmica do jogo", no fundo a maldade, a falta de senso comum e empatia, são agentes de prepotência vestida de uma verdade absoluta, que muita gente gosta de acreditar.

Questionar e questionar-se dá trabalho e exige tempo. Pergunto-me a quanto tempo estamos da loucura globalizada? Num mundo primeiramente virado para a economia, vazio de valores humanos, animais ou de natureza, galopando cada vez mais rápido para o não discernimento entre o bem e o mal, somente procurando resultados como se tudo isto fosse uma gigantesca empresa, e nada mais valesse a pena. Afinal para que serve agora a morte? Na realidade, parece-se que a morte agora é feita de sangue quente, e de gente que fala, e que anda, que dorme e acorda, mas sem dar por isso. 

O dia do apagão

e o dia nacional da prevenção e segurança no trabalho

29
Abr25

Ontem todos vivemos o dia do apagão, o qual ainda não sabemos realmente porque aconteceu,  entretanto, era também assinalado em Portugal o dia nacional para a prevenção e segurança no trabalho, que este ano é alusivo ao tema "Revolucionar a segurança e saúde no trabalho: o papel da IA e da digitalização", interessante este tema e a fragilidade da sociedade exposta à digitalização.

Assim, depois do apagão, estivemos a maior parte do dia sem ligação a redes sociais, email, telefone, televisão. Milhões de pessoas estiveram sem acesso a informação, a não ser pela rádio. Muitas empresas encerraram as suas portas devido a não conseguirem produzir, os serviços públicos igualmente, levantar dinheiro tornou-se impossível, a vida tornou-se repentinamente analógica e alguns viram-se levados até ao passado. E claro não faltaram as corridas aos supermercados.

Muitos ficaram sem saber o que fazer, demasiado tempo para pensar, ficar a seco com o vício dos ecrãs foi certamente difícil, revivi, e confesso que me soube muito bem, não ter mensagens, não ter emails, o silêncio que se fez pela casa, sem o barulho de fundo dos aparelhos eléctricos.

É curioso como o lema do papel da inteligência artificial e da digitalização nas nossa vidas, anunciado nos cartazes como a abertura a um mundo maravilhoso e cheio de oportunidades, se tornou falível em segundos, revelou-se, sem grandes floreios que é preciso saber fazer e como agir no mundo real, viver no mundo físico com o corpo físico é algo que parece agora novidade.

Contraditório, foi o que vi ao final da tarde, as pessoas caminhando e conversando nas ruas, havia mais vozes no ar, e o som das andorinhas propagou-se com maior intensidade pelo desmaiar do céu azul.

LIBERDADE

Um bem comum a preservar

25
Abr25

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Num mundo em que cada vez mais imperam os valores do individualismo, levados ao extremo pelas maravilhas da tecnologia, alavancados pelos bens terrenos do poder, do dinheiro e da guerra, importa preservar e fazer crescer este bem comum que é a Liberdade, porque dela florífera o propósito de uma sociedade mais justa, mesmo que não seja perfeita, com melhores oportunidades para criar um novo amanhecer.  Que não haja sentimento de ridículo em nós, por querermos um mundo melhor, por acreditarmos que é possivel com Paz. 

 

Daqui até ao Natal - 21

08
Set24

elena.jpg 

Foto daqui.

Hoje fiquei surpreendida com a notícia  de que a  atleta paralímpica, Elena Congost - depois de correr quase os quarenta e dois quilómetros - ao lado do seu guia, uma vez que a mesma sofre de uma deficiência visual degenerativa, e tem de correr com guia durante a maratona, e sendo que uma das regras é que deve segurar uma corda, ficando ela a segurar uma das pontas e ele a outra.

E foi assim que correu ao longo de quase todo o percurso, no entanto a dez metros metros do fim, ou seja praticamente em cima da meta, e sem ninguém atrás - pois a atleta seguinte vinha a três minutos de diferença - o guia foi-se abaixo e ela tentou segurá-lo, ao fazê-lo largou a corda - gesto esse que lhe valeu a desclassificação e a perda da medalha de bronze. 

E fico a pensar que este mundo está cada vez mais estranho, besta e estúpido.

 

"Gostaria que todos soubessem que não me desqualificaram por fazer batota, mas sim por ser humana e, por um instinto que surge quando alguém está a cair, que é ajudar ou apoiar ...A atleta seguinte chegou a três minutos de mim... foi um acto reflexo de qualquer ser humano segurar uma pessoa que está a cair ao nosso lado. Não tive qualquer tipo de ajuda ou benefício, percebe-se claramente que paro por causa dessa situação. Mas apenas me dizem que larguei a corda por um segundo...Não consigo encontrar nenhuma explicação para isto. Parece tudo tão injusto e surreal..."

Elena Congost, 8 de setembro de 2024, Jogos Paralímpicos Paris 2024