Os seus atos segundo as palavras dos outros
Chegou o tempo das cerejas, estão tão vermelhas e caras as cerejas, daqui a algumas semanas estaremos no tempo dos caroços.
Fico sempre maravilhada com o discurso das pessoas, mas são raras as que conseguem manter um discurso fresco a longo prazo, será que o discurso das pessoas são como as cerejas (?), depois de um certo tempo resumem-se a caroços, e por mais que uma pessoa se esforce ao fim de um certo tempo o seu discurso torna-se monótono e velho. Assim, a novidade não flui por muitas palavras novas que se acrescentem, talvez isso tenha a com a palavra ser designada apenas da boca para fora, sem a necessidade de praticar os actos. Segundo as pessoas que conheço e outras em que sigo o seu discurso, as que praticam o discurso fácil e rico, são muitas das vezes incapazes de praticar os seus actos segundo as suas palavras, é como se as palavras estivessem a um nível de mundo virtual, em que não existe a necessidade de demonstrar fisicamente aquilo que se proferiu.
Neste tempo em que vivemos o valor da palavra é demasiado breve. Depressa essa palavra se torna numa mentira, desestabilizando deste modo as regras e os alicerces da nossa sociedade, levando as pessoas ao desalento por não saberem com o que contar, o fabrico da imprevisibilidade do presente cria pessoas frágeis e fáceis de ludibriar, gerando um caldo muito apetecivel para os que estão à espreita.
E como o valor da palavra é baixo, o sentido critico da palavra dilui-se, não havendo distinção entre uma opinião e um mal-dizer, podemos verificar isso através das inúmeras "opiniões" deixadas nas caixas dos comentários das diversas redes sociais, validamos desde o escárnio ao sarcasmo nojento como opiniões, aceitando como certo que as pessoas que as proferiram tem-nas como de grande valor, tal como uma jóia ou um pechisbeque ambas tem a mesma cor, no entanto há algo que as separa profundamente - o seu valor e a estabilidade que nos pode dar.