E tu já pintaste uma tela?
A liberdade é agora quadrada, assim como quadrado é o tempo, as madrugadas de hoje são planas e dos botões quadrados escorregam letras que se fazem palavras, agrupadas ou separadas por virgulas e pontos, com exclamações e interrogações, fervilham lentamente pelo cosmos da luz azul, relembrando velhas lendas, criando demónios, cascatas de vozes proferidas em silêncio, nem no cérebro, nem na boca, apenas na planície cálida invocada num expirar de utopia, navegando, navegando sem sair do lugar.
Espezinhando as vozes que não se adivinham, loucura sem som, como um louco divino sem corpo. Indo e vindo no chumbo cinzento de um fim de dia desigual tão transparente que murmura no lamacento quotidiano sem grande propósito. O final quadrado que começa quando acaba.