Ilustração Amy Grimes
Nada podeis contra o amor,
Contra a cor da folhagem,
contra a carícia da espuma,
contra a luz, nada podeis.
Podeis dar-nos a morte,
a mais vil, isso podeis
- e é tão pouco!
Poema de Eugénio de Andrade
E de repente dás-te conta que estás na linha da frente, que não há mais ninguém antes de ti, isto se a fila for cronológica e sensata, sentes que já passaste por tanto, que te parece até mentira, no entanto a verdade assola-te nos dias cinzentos. Há em tudo um propósito desconhecido, que talvez venha a reunir a verdade e a razão. Nunca sabes, talvez desconfies. Sentes-te brutalmente usado em nome do sofrimento alheio, não alheio ao teu, mas ao outro que te desconhece. Aquele que se afigura novo, a ele, não a mim.