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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

"Eramos + livres quando o telefone estava preso nas paredes"

01
Jul21

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Ilustração Jenni Murphy

Li esta frase, que é titulo de um livro de poesias, e é verdade éramos mais livres quando o telefone estava preso nas paredes. Agora por todo o lado somos observados, e obrigados a estarmos conectados, sabem que vimos as mensagens e que não nos apeteceu responder, sabem em que local estamos, a que horas, durante quanto tempo, Quase não há tempo nem espaço para loucuras. Namorar tornou-se um acto quase público, como era bom namorar quando apenas os mirones cirúrgicos faziam questão de nos aguardar, era fácil captura-los. E as desculpas em chegar tarde? Ninguém contradizia, havia dúvidas no ar, mas a certeza era a nossa.  

Dois

07
Jun15

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Estavam os dois tão delicadamente em cima da muralha. De passo solto e elegante, os dois apanhavam o sol do final daquela tarde de Junho. Namoravam. Elevaram-se naquele céu azul, deram a volta e pairaram por um momento. Sentiram os dois o espaço que há entre o céu e a terra. Depenicaram o vento. Namoravam. Voltaram à muralha, não se importaram com outros olhares. Namoravam. Elegantes e enamorados saltitavam nas pedras já gastas e quentes do sol. 

 

Alice Alfazema