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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

O "sorriso audível das folhas."

03
Nov20

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Ilustração Laia Albareda

 

 

Sorriso audível das folhas,

Não és mais que a brisa ali.

Se eu te olho e tu me olhas,

Quem primeiro é que sorri?

O primeiro a sorrir ri.

 

Ri, e olha de repente,

Para fins de não olhar,

Para onde nas folhas sente

O som do vento passar.

Tudo é vento e disfarçar.

 

Mas o olhar, de estar olhando

Onde não olha, voltou;

E estamos os dois falando

O que se não conversou.

Isto acaba ou começou?

 

Poema de Fernando Pessoa

 

 

O que querem as crianças?

O mundo

01
Jun20

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Cá para mim as crianças querem um mundo melhor, agora estão mais atentos às questões ambientais e querem saber em que condições lhes vamos deixar o planeta, mas constantemente as suas reivindicações são ignoradas e as suas perguntas ficam sem resposta. Aquilo que querem? Que se acabem as guerras. Que se respeite por meios e acções o meio-ambiente. Que os seus direitos sejam uma regra sempre a cumprir. Que possam brincar. Que tenham horários escolares mais reduzidos, porque não estão num emprego. Que os seus argumentos sejam ouvidos e discutidos. Que haja igualdade entre meninos e meninas. Que todos possam ter direito a ir à escola. Que a pedofilia e outros crimes de cariz sexual sejam punidos como homicídios. Que a justiça seja rápida. Se isto tudo é fácil? É fácil, quem complica são os adultos, porque pensam que se aprende mais com a geração anterior. 

 

É um grande fardo ser criança e andar preocupado com o futuro, com a guerra, com a fome, com a discriminação, com a comparação com os outros, é triste desenraizarmos a sua esperança no futuro e num mundo melhor. Continuamos a manter a capacidade de exigir que sejam adultos antes do tempo, roubando-lhes a infância e as suas alegrias, rotulando-os como melhores, tímidos, extrovertidos, talentosos, medrosos, rufias, especiais...e depois esperar que sejam avaliados de forma igual, como se estivessem a sair de uma linha de produção e fossem enfrascados para consumo.