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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Um buquê na varanda

06
Mar24

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Hoje há hora do almoço andei a turistar pelos mesmos caminhos de sempre, à coca de novos pormenores que me tenham passado despercebidos, e eis que do nada olho para cima e vejo este belo buquê de flores amarelas, vulgarmente chamadas de azedas, os mais velhos certamente se lembrarão de lhes dar umas boas trincas para sorver esse maravilhoso elixir da liberdade de uma brincadeira de infância. Mas o que aqui me trás não é o sumo desse talo, mas sim o nosso mundo e o que realmente vemos em cada dia.

Falava eu com a minha médica, que me dizia que a quantidade de gente que lhe aparece no consultório e se diz deprimida com o mundo e o futuro é tanta, que ela não tem mãos a medir, nem sabe qual o resultado futuro desta pandemia de tristeza comum. Aprecio eu, na generalidade dos comentários e de opiniões que a grande maioria das pessoas, preocupa-se com o Mundo, no entanto, não sabe apreciar ou viver no Seu mundo, ou seja naquele que lhe coube na rifa, algo tão simples transforma-se num pesadelo coletivo, lembrando a menina gotinha de água, que descobriu que havia mais gotas iguais a ela e que juntas faziam um oceano, ou melhor o que parece pouco se torna muito, assim é  impossível mudarmos sozinhos o Mundo, é energia gasta desnecessariamente, mas conscientemente conseguimos mudar o nosso mundo, tarefa quase nula numa perspectiva global, mas somando e somando a coisa adquire dimensão, e isso é o que realmente importa, do nada se faz a diferença. 

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Podem ler o conto da Menina Gotinha de Água, de Papiano Carlos, aqui.

Para saber quem foi Papiano Carlos, ver aqui.

Envelhecer

27
Nov22

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  Ilustração Nelly Tsenova

Sinto que à medida que envelheço tenho cada vez mais necessidade de mudar, e quanto mais mudo, mais encontro razões para o fazer aqui e ali. Talvez seja pela visão de que agora o tempo urge, que é preciso descartar sentimentos e atitudes inúteis, existe agora em mim a vontade de querer escolher, coisa que sempre fui deixando para depois, torna-se agora claro que o depois encurtou, e em algumas decisões até deixou de poder existir. Não sei bem colocar em palavras, esta ânsia de querer existir, não é saudade, nem remorso, nem coisa a remoer que compare onde estou e onde poderia estar, é uma sensação mais terrena, como a sensação de viajar e voltar diferente, e querer ir outra vez, e mais outra, e a cada viajem uma transformação até ver onde é possível chegar. Como quem está esculpindo num corpo cada sensação que traz a mudança.