Bom dia 🌼
Mesmo havendo grades, há sempre forma de sair fora delas, e não importa se a sua dimensão é física ou não. A liberdade tem caminhos que a vontade leva tempo a reconhecer.
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Mesmo havendo grades, há sempre forma de sair fora delas, e não importa se a sua dimensão é física ou não. A liberdade tem caminhos que a vontade leva tempo a reconhecer.
É preciso remar.
O mar ensina.
Paciência aos que tem pressa.
Equilíbrio para os que já caíram mas não deixaram de remar.
Para ganhar o mar é preciso perder o medo e manter o respeito.
Mas é preciso remar.
O mar ensina.
É possível encontrar liberdade em suas correntes.
Mas é preciso remar.
O mar ensina.
A maré de sorte só chega para quem um dia entendeu que os ventos sempre mudam de direção e não deixou de remar.
Porque ninguém aprende a nadar na areia.
O mar ensina.
Mas é preciso remar.
Eu só peço fôlego para vencer a arrebentação e entender que isso não significa competir com o mar.
Eu peço fôlego para receber o mar.
Basta perceber a entrada, pedir licença e ai sim, ser recebido pelo mar aberto.
Fôlego.
Eu peço fôlego para lembrar que ondas e lágrimas são feitas de água salgada.
Fôlego para transformar tristeza em mar.
E se o caminho for longo fôlego para remar na volta
Fôlego para voltar a remar.
Poema Allan Dias Castro
Para ouvir:
Você não precisa ser bom.
Você não precisa andar de joelhos, arrependido,
milhares de milhas pelo deserto.
Você precisa apenas permitir ao animal suave do seu corpo
amar o que ama.
Fale-me sobre desespero, os seus, e eu falarei a você os meus.
Enquanto isso a vida segue.
Enquanto isso o sol e os cristais límpidos da chuva
atravessam as paisagens, movendo-se
sobre pradarias e árvores profundas,
montanhas e rios.
Enquanto isso, alto no ar azul claro, os gansos selvagens
voltam para casa outra vez.
Quem quer que você seja, não importa quão solitário,
o mundo se oferece à sua imaginação,
chama você como aos gansos selvagens, bruto e excitante –
de novo e sempre anunciando o seu lugar
na família das coisas.
Poema de Mary Oliver, tradução Yasmin Nigri
Por vezes as ideias parecem repetidas, mas merece a pena relembrar:
Sente-se em outra cadeira, no outro lado da mesa. Mais tarde, mude de mesa.
Quando sair, procure andar pelo outro lado da rua. Depois, mude de caminho, ande por outras ruas, calmamente, observando com atenção os lugares por onde você passa.
Tome outros ônibus.
Mude por uns tempos o estilo das roupas. Dê os seus sapatos velhos. Procure andar descalço alguns dias. Tire uma tarde inteira para passear livremente na praia, ou no parque, e ouvir o canto dos passarinhos.
Veja o mundo de outras perspectivas.
Abra e feche as gavetas e portas com a mão esquerda. Durma no outro lado da cama... Depois, procure dormir em outras camas. Assista a outros programas de tv, compre outros jornais... leia outros livros.
Viva outros romances.
Não faça do hábito um estilo de vida. Ame a novidade. Durma mais tarde. Durma mais cedo.
Aprenda uma palavra nova por dia numa outra língua.
Corrija a postura.
Coma um pouco menos, escolha comidas diferentes, novos temperos, novas cores, novas delícias.
Tente o novo todo dia. O novo lado, o novo método, o novo sabor, o novo jeito, o novo prazer, o novo amor.
A nova vida. Tente. Busque novos amigos. Tente novos amores. Faça novas relações.
Almoce em outros locais, vá a outros restaurantes, tome outro tipo de bebida, compre pão em outra padaria.
Almoce mais cedo, jante mais tarde ou vice-versa.
Escolha outro mercado... outra marca de sabonete, outro creme dental... Tome banho em novos horários.
Use canetas de outras cores. Vá passear em outros lugares.
Ame muito, cada vez mais, de modos diferentes.
Troque de bolsa, de carteira, de malas, troque de carro, compre novos óculos, escreva outras poesias.
Jogue os velhos relógios, quebre delicadamente esses horrorosos despertadores.
Abra conta em outro banco. Vá a outros cinemas, outros cabeleireiros, outros teatros, visite novos museus.
Mude.
Lembre-se de que a Vida é uma só. E pense seriamente em arrumar um outro emprego, uma nova ocupação, um trabalho mais light, mais prazeroso, mais digno, mais humano.
Se você não encontrar razões para ser livre, invente-as. Seja criativo.
E aproveite para fazer uma viagem despretensiosa, longa, se possível sem destino. Experimente coisas novas. Troque novamente. Mude, de novo. Experimente outra vez.
Você certamente conhecerá coisas melhores e coisas piores do que as já conhecidas, mas não é isso o que importa.
O mais importante é a mudança, o movimento, o dinamismo, a energia. Só o que está morto não muda !
Repito por pura alegria de viver: a salvação é pelo risco, sem o qual a vida não
vale a pena!
Alice Alfazema