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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Morreu a Rainha

Isabel II

08
Set22

morreu a rainha.jpg Morreu a Rainha. Morreu a Mulher. 

Sou uma desconhecida na vida desta mulher, no entanto sinto que me é próxima, sei razoavelmente a sua história de vida, conheço as cores vivas com as quais se vestia em cerimónias importantes, conheço o seu sorriso, lembro-me de vê-la desde sempre. Foi uma uma mulher que viveu a sua vida em missão aos outros, com um importante sentido de Estado, com uma jovialidade surpreendente,  adaptou-se ao mundo e à evolução dos tempos, mantendo um sentido de humor e uma resiliência surpreendentes. Manifestou estar sempre disposta a aprender. Foi a Mulher - muitas vezes só - entre homens. A ironia da História, da mais frágil a mais forte. Vou ter saudades dela. 

1926-2022

 

E ficam as flores

15
Jan22

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Foi uma semana dolorosa, parece-nos sempre que não há nada para falar sobre a morte, um fim anunciado desde que nascemos, no final sentimos que ficam os silêncios preenchidos pelas memórias que continuam vivas, também as palavras ecoam, como ecos pequeninos que vão e vêm à medida que nos vamos dando conta da dor. Nunca mais haverá oportunidade de recuar, nem de encontrar o tempo perdido, o que foi é o que é, fica a generosidade, ficam os dias que foram cheios de risos e brincadeiras, ficam os barulhos dos papéis de embrulho rasgados com impaciência, e as voltas de carro, ficam os passeios pela mão e as jogatinas à bola, fica tudo guardado nos corações, assim como ficam aqui as flores, numa recordação perfumada pelos dias felizes, e é o que importa, é que os dias tenham sido felizes. 

Malmequeres

flor lilás

orquidea

Jarro

orquidea

cravina

 

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As flores também sorriem?

15
Mai21

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Eu não tenho muita curiosidade sobre o que há para além da morte, mas tenho uma imensa curiosidade em saber como vão reagir à minha morte, quem vai sentir a minha falta, o que vão dizer sobre mim, quais as palavras que me diríam num último adeus. 

 

 

Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E cantos no correr dos rios...
É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.
Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me,
Porque só sou essa cousa séria, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma.

 

Poema de Alberto Caeiro

Os olhos das boas pessoas

17
Abr20

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Filipe Duarte 

(1973 -2020)

 

 

Os olhos da boas pessoas são olhos cansados, com rugas à volta, e pálpebras descaídas, porque alcançam visões que nem todos são capazes, porque tiveram que ver e dormir sobre problemas que ninguém quer saber, são rugas marcadas que seguraram os dias de amargura, os olhos das boas pessoas são mais fundos e baços, porque deixaram o brilho espalhado por onde andaram. As boas pessoas vão-se demasiado cedo, é impossível entender, mas as mensagens curtas, trazem consigo a mesma essência das exaustivas, sem no entanto corrermos o risco de não saber o fim. Para entender, basta olhar nos olhos da pessoas boas. Os olhos das boas pessoas ficam para sempre.