O que andamos a fazer enquanto as árvores se abraçam?
Todos os dias a ciência nos dá novidades, a cada dia que passa vamos avançando em inúmeras descobertas, novas formas de fazer, novos meios para curar doenças, novas tecnologias, novas formas de encarar o quotidiano são-nos apresentadas diariamente. A expectativa da novidade é um meio que funciona como alavanca para o rodar dos dias, para que a novidade seja ponto assente nas nossas vidas. No entanto, à medida que o tempo avança a novidade perde o gosto e torna-se um ponto comum. Inventar tornou-se uma quimera vã. Há medida que mais e mais migrantes morrem no Mediterrâneo, a invenção avança. Inventamos de tudo, queremos experimentar, ter o gosto fantástico da primeira vez, no entanto ele dilui-se nas horas que passam. Porque não inventamos coisas velhas? Tais como o amor, a bondade, o olhar o próximo, a entre ajuda? Que andamos nós aqui a fazer enquanto as árvores se abraçam? A banalidade da violência matou-nos essas emoções vitais. A leviandade das notícias ocas que passam de um sorriso ao drama num mero instante leva-nos ao descalabro dos laços sociais.
Alice Alfazema