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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Fôlego

16
Fev22

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É preciso remar.


O mar ensina.
Paciência aos que tem pressa.
Equilíbrio para os que já caíram mas não deixaram de remar.
Para ganhar o mar é preciso perder o medo e manter o respeito.
Mas é preciso remar.

O mar ensina.
É possível encontrar liberdade em suas correntes.
Mas é preciso remar.


O mar ensina.
A maré de sorte só chega para quem um dia entendeu que os ventos sempre mudam de direção e não deixou de remar.
Porque ninguém aprende a nadar na areia.

O mar ensina.
Mas é preciso remar.
Eu só peço fôlego para vencer a arrebentação e entender que isso não significa competir com o mar.
Eu peço fôlego para receber o mar.
Basta perceber a entrada, pedir licença e ai sim, ser recebido pelo mar aberto.

Fôlego.
Eu peço fôlego para lembrar que ondas e lágrimas são feitas de água salgada.
Fôlego para transformar tristeza em mar.
E se o caminho for longo fôlego para remar na volta
Fôlego para voltar a remar.

 

Poema Allan Dias Castro

Para ouvir:

 

 

somos nós o vento

29
Jul21
 

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O mar é longe
O mar é longe, mas somos nós o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
 
Donde estás, que névoa me perturba
mais que não ver os olhos da manhã
com que tu mesma a vês e te convém?
 
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar.
 
 
Poema de Pedro Tamen
(1934-2021)