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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Uma flor num muro de um jardim

12
Out22

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Uma flor ergue-se num muro de um jardim e recolhe as gotas de água caídas do céu, nuvem passageira, nuvem generosa que acalma a sede. Essas gotas percorrem as pétalas sedosas e delicadas, como carícias descem devagar, percorrendo cada pedaço, descendo até ao caule, alimentando a raiz. Lambendo o perfume. A manhã emerge devagar assistindo àquele pecado.

 

07:30

09
Out22

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Cada manhã o alvoroço da luz

Me acorda: a luz atravessa a paisagem e a casa!

– A dormir tinha esquecido não as coisas

Mas sua meticulosa beleza

Múltipla

 

No princípio Deus disse

Faça-se a luz

E com a luz da manhã o mundo principia

Digo a luz e não o sol

Nos dias de nevoeiro emergem formas brancas

Aqui e além como se vogassem

Numa deriva cismadora e serena

Nos dias de sol os ciprestes enegrecem

E ao longe brilha o regozijo das vidraças

 

Sophia de Mello Breyner Andresen 

No reino das folhas caídas

04
Nov19

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Ilustração Alida Massari

 

No reino das folhas caídas, as árvores ficam despidas, o vento sopra com mais força, a chuva cai com intensidade, cogumelos emergem do solo, os corvos piam devagar, as rolas reclamam do tempo. No reino das folhas caídas, os castanhos são vassalos, os musgos condes, as formigas continuam a amealhar comida, nesse reino de nostalgia as árvores aproveitam para enraizar. Porque não fazes o mesmo?