Poemas em tempos de quarentena
Manuel Alegre
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Todos os dias aparecem nos jornais notícias sobre os despejos nos bairros históricos de Lisboa, o turismo está em alta e é aproveitar enquanto dura. As pessoas que fizeram dos bairros aquilo que são: um produto que se vende bem, estão agora à beira do desespero, muitas delas com uma idade bastante avançada. Pergunto-me então quem estenderá as cuecas à janela para que se mantenha a tradição, serão os turistas ou será aprovada a obrigatoriedade por um qualquer decreto camarário?
Alice Alfazema
Os próximos eventos serão no Cemitério dos Prazeres. Lisboa está na moda. Apenas terão lugar certos vivos e os mortos que por lá estiverem.
Alice Alfazema
No castelo, ponho um cotovelo
Em Alfama, descanso o olhar
E assim desfaz-se o novelo
De azul e mar
À ribeira encosto a cabeça
A almofada, na cama do Tejo
Com lençóis bordados à pressa
Na cambraia de um beijo
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
No terreiro eu passo por ti
Mas da graça eu vejo-te nua
Quando um pombo te olha, sorri
És mulher da rua
E no bairro mais alto do sonho
Ponho o fado que soube inventar
Aguardente de vida e medronho
Que me faz cantar
Lisboa menina e moça, menina
Da luz que meus olhos vêem tão pura
Teus seios são as colinas, varina
Pregão que me traz à porta, ternura
Cidade a ponto luz bordada
Toalha à beira mar estendida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Lisboa no meu amor, deitada
Cidade por minhas mãos despida
Lisboa menina e moça, amada
Cidade mulher da minha vida
Poema de José Carlos Ary dos Santos e música Paulo de Carvalho
E agora em português do Brasil, com Martinho da Vila, oba sambando Lisboa:
Alice Alfazema