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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Futuro

Árvore de Natal

10
Dez22

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Ilustração Clint Cearley

Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa.
Trouxe-as dentro das mãos fechadas (alguns disseram
que apenas escondia as feridas do silêncio).

Pousou-as na mesa e começou a abri-las devagar,
tão devagar como passa o tempo quando o tempo
não passa. E depois distribui-as pelos outros,
multiplicou-se em dedos, em palavras (alguém disse
que chegariam a todos, ultrapassariam os séculos e
teriam a duração do tempo quando o tempo perdura).

Ceou com todos pão que não levedara e vinho áspero
das videiras magras do monte que os ventos dizimavam.
Quando se ergueu, havia ainda palavras sobre a mesa,
coisas por dizer no resto do pão que alguém deixara,
feridas fundas nas mãos que fechou em silêncio e devagar.

Perto dali uma figueira florescia. À espera.

 

Poema Maria do Rosário Pedreira

As palavras que estão nos livros, o destino e as circunstâncias

23
Jun20

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- Olhe,  Daniel. O destino costuma estar ao virar da esquina. Como se fosse um gatuno, uma rameira, ou um vendedor de lotaria: as suas três encarnações mais batidas. Mas o que não faz é visitas ao domicílio. É preciso ir atrás dele.

 

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Cada livro, cada volume que vês, tem alma. A alma de quem o escreveu e a alma dos que o leram e viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro muda de mãos, cada vez que alguém desliza o olhar pelas suas páginas, o seu espírito cresce e torna-se forte.

 

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Palavras, Fermím em A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón.

 

As ilustrações são de Daniela Giarratana

 

 

Diário dos meus pensamentos (47)

05
Mai20

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Ilustração  Dani Torrent

 

Cada pessoa tem o seu mapa imaginário, os nossos pensamentos são formas de comunicarmos, e através deles passamos sensações aos outros, pode ser um olhar, um sorriso, o tom da nossa voz,  as nossas atitudes corporais. Os nossos pensamentos afectam os nossos músculos, se pensarmos em algo bom podemos nos descontrair, se pensarmos em algo mau é possível que tenhamos tensão e irritabilidade. Se pensarmos constantemente no mesmo que tamanho terá o nosso mapa imaginário? E se nos abrirmos a vários outros pensamentos que nos levem a ter outras atitudes, teremos a possibilidade de fazer crescer esse mapa? O mapa não é um território físico, mas é um instrumento para lá chegar. Ao escrevermos estamos também a passar o nosso mapa mental para o seu estado físico, e aquilo que escrevemos revela as nossas atitudes, não na forma de um olhar, ou sorriso, mas nele se incluem a alegria, a tristeza, a frustração, a raiva, a gratidão, o apreço, de entre outras, assim, as respostas que damos de forma escrita devem ser pensadas da mesma maneira que da forma falada, a escrita não tem um som, até alguém lê-la em voz alta, não é apenas nas virgulas e nos pontos que pomos a intenção, mas é em todo o cuidado que devemos ter em escolher as palavras e em saber o seu significado, escrevendo de forma clara, descomplicada para que a mensagem tenha conexão positiva.