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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Dia mundial do livro

23
Abr22

 

Ilustração e video Nerina Canzi

 

Em algum momento da nossas vidas já nos deparamos com um livro que nos fosse especial, que tenha valido a pena as horas que lhe dedicámos, não são os livros capazes de mudar os mundo no sentido físico, mas mudam as pessoas no sentido mental, não são os livros apenas objectos estáticos, ou dinâmicos, coisas voláteis, ideias tristes ou cientificas, são pedaços quânticos de determinado universo. 

Já nasceu

Contos de Natal

19
Dez21

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Lá fora as folhas que restam das grandes árvores caem apressadas, depois levadas pelo vento rolam velozes pela estrada até se amontoarem junto aos lancis formando assim tapetes dos mais variados castanhos dourados,  de longe a longe vem andando gente pela rua e fazem-se ouvir os estalidos sob os pés, aos poucos as folhas vão-se materializando em pó, elevando-se em partículas e desmaterializando-se do corpo que lhes resta. Regresso então ao livro com a capa vermelha e as letras douradas, e recordo mais uma vez a história contada há tanto tempo sobre um nascimento em Belém, uma história que marcou a diferença em muitas gerações e decisões, e que tem servido de exemplo, que nos anima e nos faz reunir anualmente em família, coloco os óculos e sigo as letras: e eles caminhavam seguindo a brilhante estrela, montados nos seus camelos tinham vindo de muito longe para ver o nascimento do filho de Deus, guiados pelos sonhos e querendo um mundo melhor, trouxeram presentes simbólicos de paz e prosperidade, ao longe avistaram a cabana e deixaram de sentir  o cansaço dos dias em viagem, os animais parecendo que pressentiam a chegada que se adivinhava perto aligeiraram o passo sem que nada lhes fosse dito, num ápice chegaram à cabana que se destacava na paisagem como se fosse um pequeno palácio rupestre cheio de pormenores delicados, duas pequenas árvores ladeavam-na e os seus ramos pareciam abraçados por cima da cobertura deixando algumas folhas a cobrir metade de uma parede, um ninho desocupado permanecia ainda num dos ramos, ao centro uma porta de entrada muito estreita deixava antever uma luminosidade fraca que alumiava o lugar, desceram de cima dos animais e amarraram os camelos nas árvores, entrando por ali adentro sem se fazerem anunciar. Lá dentro viram um homem e uma mulher, que trazia carinhosamente ao colo o seu recém-nascido, um burro e uma vaca aqueciam o lugar, fascinados cumprimentaram-se, e deram as boas vindas àquele Ser minúsculo, quiseram vê-lo de perto, a mãe desenrolou o pequeno corpo e mostrou-o, ficaram ali a olhar tentando recordar o sonho que lhes tinha levado até ali, acreditavam que aquele Ser haveria de mudar o mundo, um deles perguntou-lhes como se chamaria o bebé, foi-lhes dito: Maria. 

A ler por aí

06
Abr21

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Li há dias dois textos que versavam sobre os mesmos temas, num o autor expressava-se com frases curtas, com palavras fáceis de identificar,  não havendo nele qualquer vestígio de escrita criativa, poderia ser monótono lê-lo, mas não, a escrita fluía e levava à descoberta, e em cada paragrafo o leitor sentia o cuidado posto naquelas palavras sobre um tema tão cruel, levando-nos à sua compreensão. 

No outro  texto, o autor fazia jus ao seu poder descritivo, dando em cada frase um concordância verbal e criativa que levava o leitor a descortinar o sentido daquilo que se pretendia descrever, apesar de tudo não vi nele nada que acrescentasse maior riqueza entre um texto e outro. Diria até, que no primeiro texto que li, senti a necessidade de compreender aquelas palavras simples, enquanto que no outro fiquei apenas a ler sem absorver nada daquilo.