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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Depois do vidro

06
Abr20

janela.jpg

 

Ilustração Jilly Ballantyne

 

Demoro
a fechar janelas
porque me dói
a vida entre dentro e fora.

Meu gesto lento
sem antes nem depois,
desconhece se abre ou se fecha a janela de uma outra janela.

Sem longe nem perto,
entre sombra e além,
na casa onde o meu corpo começa,
sou eu mesmo a terra que contemplo.
Depois do vidro,
perdida da sua própria imagem,
a paisagem ainda mora toda em mim
E eu, já, nela.

 

 

Poema Mia Couto, in Tradutor de Chuvas

Uma pergunta por dia: Um blog privado é um pedaço de solidão?

10
Out14

A Maria Albertina morava num bairro sossegado, tinha cortinados de renda nas janelas de sua casa. À noite quando escurecia espreitava cá para fora, com as luzes acesas todos lhe viam o recorte da sua silhueta, todos sabiam que estava ali, menos ela. Ela continuava a pensar que estava só, que a sua solidão era uma coisa privada. Até que um dia alguém lhe fez adeus. Recuou e sentiu que tinha sido vista. Voltou a olhar, e viu que a pessoa ainda estava lá, abriu a janela e fez-lhe adeus. Sentiu-se aliviada por tornar a sua solidão uma coisa pública. 

 

Uma pergunta por dia até ao final do ano, quem quiser responder esteja à vontade.

 

 

Alice Alfazema