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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Janeiro

2021

09
Jan21

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Notei que as giestas já estão a florir, gosto muito do tempo das giestas em flor, daquela fragrância suave  e refrescante, que é uma mistura marinha e serrana, por vezes crescidas nas dunas de areia branca e macia. A alegria dos seus cachos floridos, são como braços enfeitados de tecido fino e rico, e as suas flores tão delicadas e ao mesmo tempo resistentes à intempérie. Notei que o dia já está mais longo, alegro-me por isso, "Janeiro fora uma hora, e quem bem contar hora e meia há-de achar". O frio está bem instalado por aqui, numa beleza límpida que faço por não perder de vista. 

 

Deixa que o orvalho
lave a poeira dos caminhos.
Deixa que a pedra rosada se incendeie com o Sol
e que as chamas iluminem o destino
tão incerto e frágil, quanto a carne
que um dia, será apenas pó.
Deixa que o amor, num simples abraço se eternize
antes que o corpo nada mais precise.
Deixa que o sonho não seja fantasia
que ressuscite em cada dia
e fique gravado em cada um de nós !
Deixa!
 
 
Poema de Lita Lisboa

 

Dia Mundial da Paz

01
Jan19

Ode à Paz

 

 

 

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, 
Pelas aves que voam no olhar de uma criança, 
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza, 
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, 
Pela branda melodia do rumor dos regatos,

 

 

 

Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, 
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, 
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria, 
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, 

 

 

 


Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, 
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, 
Pelos aromas maduros de suaves outonos, 
Pela futura manhã dos grandes transparentes, 
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, 

 

 

 


Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas 
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, 
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, 
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. 
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, 
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, 
Abre as portas da História, 
deixa passar a Vida!

 

 

 

A Natureza é Paz, nestas flores silvestres encontramos pormenores deliciosos que apenas os olhares mais atentos encontram, assim é a Paz, faz parte da vida, muitas vezes nem damos por ela. 

 

 

Poema é de Natália Correia, in "Inéditos (1985/1990)",  as fotografias são do blogue: Dias com árvores, de Paulo V. Araújo e Maria P. Carvalho