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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Direitos dos trabalhadores

dos outros e dos nossos

09
Abr24

 «O caso do João:

      Exerce funções num Juízo de Instrução Criminal e, pelas 15:00 horas, recebeu a notícia de que iria ser presente para primeiro interrogatório judicial um arguido detido, suspeito da prática de alguns crimes relacionados com escravidão e violação.

      Permaneceu ao serviço e pelas 18:00 horas começou o interrogatório e pelas 20:30 horas a diligência foi interrompida, tendo sido ordenado ao João que providenciasse pelo jantar do arguido.

      O João diligenciou junto de um restaurante local para que fosse confecionado um jantar para o arguido, composto de sopa, bebida, prato de carne e sobremesa. O João foi buscar o jantar e serviu-o no Tribunal ao arguido.

      A diligência recomeçou após o jantar e terminou à meia-noite, tendo o João que realizar ainda algumas diligências processuais, designadamente, cumprindo a decisão, tendo conseguido sair pela 01:00 da manhã do Tribunal.

      O João não jantou, ao invés do arguido, porque o João não teve direito a qualquer subsídio ou compensação para tal e, não tendo dinheiro para pagar uma refeição no restaurante, e, não contando com a diligência, não se tinha preparado levando marmita de casa também para o jantar.

      Naquele mesmo dia estava previsto que o transporte para a sua residência seria em transporte partilhado com outros trabalhadores e que começaria a viagem de regresso pelas 18:00 horas. Porém, como os restantes não puderam esperar por si e os transportes públicos já tinham deixado de funcionar, o João ainda equacionou se ficaria a pernoitar no seu local de trabalho, como já tinha feito noutras ocasiões, ou se iria a casa ver e dar um beijo aos seus filhos, tendo optado por ir para casa, chamando um táxi que pagou e acabou a jantar por volta das 02:30 da manhã.

      Por este serviço suplementar de oito horas o João não foi pago. Suportou a despesa do transporte para a residência e, ao contrário do arguido detido por violação, o João não teve direito a jantar.

      Teve um dia de trabalho de 15 horas, ultrapassando todos os limites legais e sem qualquer compensação.

      Todos os demais presentes na diligência: polícias, advogados e magistrados, jantaram e foram pagos. O João não. O salário de pouco mais de 1000 euros – porque já ganha bem por desempenhar estas funções há mais de vinte anos –, tem de ser esticado para chegar ao final do mês e a despesa do táxi já terá de ser descontada na conta mensal da mercearia do próximo mês.

      No dia seguinte, pelas 09:00 horas, o João já estava a trabalhar, pois caso contrário ser-lhe-ia marcada falta com perda de vencimento. Já os polícias estavam de folga, os advogados puderam dormir um pouco mais e os magistrados, sem obrigação de comparência às 09H00, não têm qualquer problema com horários.»

      Entre outras considerações consta também assim:

      «Não existe nenhuma outra profissão, quer no setor público, quer no setor privado, onde os trabalhadores estejam sujeitos às pesadas obrigações impostas aos Oficiais de Justiça.

      Ainda há bem pouco tempo assistimos a programas televisivos em que a temática era o trabalho de estrangeiros em propriedades agrícolas no litoral alentejano. Ora, o que se passa atualmente nos tribunais e nos serviços do Ministério Público deste país, é algo abusivo muito semelhante.»

Retirado daqui

Coisas do nosso tempo - Testes adaptados

27
Mar19

Agora há uma ultra modalidade de avaliação escolar: testes adaptados. Não são testes para alunos com necessidades educativas especiais, são testes para aquilo que o aluno sabe. Portanto é assim, a avaliação tem a ver com aquilo que o aluno sabe, se sabe pouco adapta-se o teste à sabedoria, se sabe mais ou menos faz-se a mesma coisa e por aí fora. No final a nota é dada por avaliação do teste apresentado. Há quem já ande a dizer "o meu teste era mais fácil que o teu". Sendo assim nas pautas podem estar duas notas iguais, uma adaptada e outra não. Como dizia o outro" e o burro sou eu?".

Conversas da escola (39)

17
Nov11

 

- Há colegas meus que passam o tempo todo a estudar, saem da escola vão para a explicação, frequentam o Instituto de Inglês, tiram 19 a muitas disciplinas, no entanto, não sabem ter uma opinião, não têm cultura geral, não sabem nada de nada, só sabem aquilo que estudam para os testes, e eu, quando dou a minha opinião não é aceite porque não é como está escrito no manual...os professores não valorizam aquilo que sabemos, só valorizam o que decoramos, que injustiça!

- ...!

 

 

 

 

 

 

Alice Alfazema