Irmã do meio
Ilustração Nicola Simbari
Hoje se o meu irmão fosse vivo faria anos. É estranho, ou talvez não, este sentimento que tenho todos os anos por este dia, nunca me esqueço, nunca falo sobre isso, esta é talvez a primeira vez que escrevo sobre isto. Este meu irmão morreu com três meses de vida, um recém nascido que eu não conheci, que apenas recordo pela imagem que tenho de uma única fotografia, assim eu que sempre me portei como sendo a irmã mais velha, constato agora que fui sempre a irmã do meio. É sem dúvida, um sentimento que não poderei explicar de forma simples ou esclarecedora, mas fico a pensar em como seria se tivéssemos crescido juntos. Não é um luto vivo e doloroso. É uma saudade cheia de sentimentos que ficaram por viver.