Diário dos meus pensamentos (33)
Ilustração Alireza Darvish
Se cada pessoa escrevesse um livro sobre a vivência desta época da quarentena, haveria muitos que seriam acusados de plágio, ora porque tinham pensamentos e sentimentos iguais, ora porque escreveram com as mesmas palavras, será que há palavras suficientes para descrever estes momentos vividos em casa sem que haja repetições? E os professores dirão: descreve isso por palavras tuas. E se as dele forem também as dos outros? Não são válidas? Não, dirão alguns. Tens de acrescentar algo novo, escreve a frase de trás para a frente para dar outra perspectiva. Então quem disser primeiro é o melhor? Sim. Porquê? É como correr uma maratona, todos correm, mas quem chega primeiro é que ganha. É assim tão simples? É. Basta registares a ideia primeiro. O que vier depois são plágios. E nós somos plágios uns dos outros? Uma vez que aprendemos com o exemplo, se copiarmos os exemplos somos plágios uns dos outros. Então não há nada de novo? Há, tudo é novo para quem descobre, mas há uns que descobrem primeiro que os outros, depois tudo fica igual.
A minha vizinha hoje estendeu as luvas descartáveis. Cada luva tinha uma mola de cor diferente.