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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

A última página

19
Jul20

leitura.jpg

Ilustração Irene Blasco

 

Sentei-me e quando me levantei era outra. Li e quando acabei de ler as minhas ideias ficaram mais fluidas. Sorri e aliviei a pressão do meu não sorriso. Naquele pedaço de tempo viajou por onde queria uma mulher sentada, parecia que não saía do lugar, enquanto folheava as páginas daquele livro que continha grãos de areia da sua praia favorita, nalgumas folhas haviam manchas de sal, daquele mar especial, podia ter posto um marcador de madre-pérola, mas preferiu um pedaço de papel manchado de gelado de maracujá. Sentia a brisa marítima, à medida que virava cada folha, o bafo quente de Julho, um Julho silencioso, sem bailaricos de rua. Virou a última página daquela viagem, o sinal sonoro fê-la despertar daquele mergulho literário, largou as palavras nas páginas folheadas, guardou-as para depois e saiu para a rua. 

 

 

Aparição

05
Jun15

Fotografia e receita daqui.

 

apareces no corredor do pensamento

como um esboço

e desces ao coração, ao meu,

como um poema inteiro um traço vincado

como uma palavra definida mágica sublime...

encerras-me os olhos no desaguar da noite 

que viagem é essa que me fazes no corpo?

a sorrires assim, tão assim,

procuro na minha casa

uma casa onde não existas.

não encontro

 

Jorge Serafim

 

AliceAlfazema