Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Liberdade

Árvore de natal

16
Dez22

gaiolas.jpg 

Ilustração Anna Cunha

Um pássaro livre pula

nas costas do vento

e flutua rio abaixo

até a corrente parar

e mergulha suas asas

nos raios alaranjados do sol

e ousa clamar ao céu.

 

Mas um pássaro à espreita

em sua pequena gaiola

quase nem vê

por entre as grades de ira

suas asas estão presas

e seus pés estão atados

então ele abre sua garganta para cantar.

 

O pássaro preso canta

num gorjeio triste

sobre coisas que não conhece

mas ainda deseja

e seu canto é ouvido

na colina distante

pois o pássaro preso

canta sobre a liberdade.

 

O pássaro livre pensa em outras brisas

e nos ventos suaves entre as árvores que suspiram

e nos insetos que o esperam no gramado ao nascer

e ele chama o céu de seu

 

Mas um pássaro engaiolado permanece no túmulo dos sonhos

sua sombra grita um grito de pesadelo

suas asas estão presas e seus pés estão atados

então ele abre a garganta para cantar.

 

O pássaro preso canta

com um gorjeio triste

de coisas desconhecidas

mas ainda desejadas

e seu canto é ouvido

na distante colina

pois o pássaro preso

canta sobre a liberdade

Poema Maya Angelou

 

Gaiolas

21
Nov20

liberdade.jpg

Ilustração Wouter Tulp

 

Como paredes
através das quais
o mundo vemos pelo ser dos outros
quem vamos conhecendo nos rodeia
multiplicando as faces da gaiola
de que se tece em volta a nossa vida.

No espaço dentro (mas que não depende
do número de faces ou distância entre elas)
nós somos quem somos: só distintos
de cada um dos outros, para quem
apenas somos a face em muitas,
pelo que em nós se torna, além do espaço,
uma visão de espelhos transparentes.

Mas o que nos distingue não existe

 

Poema Jorge de Sena