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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Futuro

Árvore de Natal

10
Dez22

maria.jpg 

Ilustração Clint Cearley

Trouxe as palavras e colocou-as sobre a mesa.
Trouxe-as dentro das mãos fechadas (alguns disseram
que apenas escondia as feridas do silêncio).

Pousou-as na mesa e começou a abri-las devagar,
tão devagar como passa o tempo quando o tempo
não passa. E depois distribui-as pelos outros,
multiplicou-se em dedos, em palavras (alguém disse
que chegariam a todos, ultrapassariam os séculos e
teriam a duração do tempo quando o tempo perdura).

Ceou com todos pão que não levedara e vinho áspero
das videiras magras do monte que os ventos dizimavam.
Quando se ergueu, havia ainda palavras sobre a mesa,
coisas por dizer no resto do pão que alguém deixara,
feridas fundas nas mãos que fechou em silêncio e devagar.

Perto dali uma figueira florescia. À espera.

 

Poema Maria do Rosário Pedreira

Mentira

03
Jun21

mentira.jpg

Ilustração  Narjes Mohammadi

Não lido nada bem com a mentira, e o que mais se vê e se ouve neste nosso quotidiano são mentiras, mente-se  à descarada e com um à vontade perante os outros como se fosse um bom exemplo. No entanto, sendo a mentira coisa de pouca dura são exemplos vagos que nos indicam que estamos a ir num caminho sem saída. Tal como na perda de confiança há a sensação que algo foi quebrado e jamais será reposto. Ora uma sociedade que se está a afundar em mentiras  aonde nos levará? Que futuro desejamos? 

Desejamos assim tanto o sucesso a todo o custo que nada mais interessa? A nossa incapacidade cada vez mais crescente em discernir a verdade da mentira está a levar-nos a uma vida salobra.  

Ainda

04
Dez20

aaaaaaaaaaa.jpg

Ilustração  Rolf Armstrong 

 
 
Ainda
Tenho flores por colher
O céu por alcançar
Caminhos por percorrer
 
 
Ainda
Tenho mágoas por curar
Noites por descobrir
Lágrimas por cristalizar
 
Ainda
Tenho desejo e arrepio
Sonhos a esvoaçar
E sou nascente e rio
 
Ainda
Tenho o tempo por iludir
O sol por tocar, o arco-íris
A chuva e o vento por abraçar.
 
Ainda
Não sei como suster o tempo
E tenho tantas flores
Por semear!
 
 
Poema de Alice Queiroz