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Ilustração Paul McKnight
Tenho cá por casa, em muitos sítios, muitos textos escritos por mim, este que vou deixar aqui hoje já não me lembro de quando o escrevi, também me acontece ficar surpreendida com aquilo que escrevo, não me lembro de ter escrito aquilo, poderia escrever muito mais, mas as ideias fogem-me, esqueço-me delas, são como bolas de sabão, puf, já se foram.
Sentem-se confortavelmente e bebam comigo este chá de fim de ano:
Qual a diferença entre um beijo de cão e um beijo de gato? Serão os beijos coisas palpáveis em termos de contabilidade emocional? Seremos nós os únicos que nos iludimos com um beijo?
Deixei o meu beijo em cima do balcão, ficou ali escondido atrás do copo de água. Quando alguém o bebesse poderia levá-lo e ele voaria acima do mundo. Os beijos são borboletas? Estarão em estado de casulo até se dar a transformação? Existem beijos que são traças e que só saem à noite. Existem também beijos que são bonitas mariposas, de muitas cores. Alguns atravessam rios e oceanos, explodem quando conseguem encontrar parceiro.
Os beijos são coisas únicas, tais como impressões digitais. É teu é meu, mas também pode ser nosso. Sai da boca, vem do coração, é um indicador de felicidade? Há beijo morno, beijo quente, beijo frio, sem cor, sem sabor, sem entusiasmo, há beijos trocados, exigidos, dados. Um beijo meu, um beijo teu, um beijo nosso.
Às vezes não sabemos porque nos escondemos dos outros, porque nos isolamos, pensamos que somos frágeis aos olhos daqueles que admiramos. Saberíamos nós subir às árvores sem tropeçar? Sem levar um arranhão na pele? O que sabemos dos arranhões dos outros? Que se curam, tal como os nossos. Eu queria ser um gato e subir sem me arranhar, utilizar as garras e pular descaradamente de ramo em ramo, e ali ficar sem ninguém me chatear, ficar no silêncio do Sol ou da Lua e desfrutar deste mundo louco, sem relógio nem tempo.
Feliz 2014!
Alice Alfazema