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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Piquenique de afetos

25
Jul21

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A vida é assim um recorte de tirinhas que mesmo iguais são diferentes, porque a nossa perspectiva, não vem apenas da nossa visão, mas de tudo o que sentimos e daquilo que escolhemos, ou que somos obrigados a entender. Hoje o dia foi feito de muitos momentos desses, tão diferentes como um cabaz repleto das mais variadas frutas. Onde cada uma se destaca à sua verdadeira essência, ou pelo sabor, ou pela cor, ou pela sua origem, pela capacidade de resistência, pela delicadeza, pela doçura, acidez, pela capacidade de ajudar o nosso sistema imunitário.

 

Seremos nós também assim, como frutas num cabaz, vindas de vários pomares, cada um produzindo o que foi plantado. Cuidar é a melhor semente. 

 

E sendo assim vida com sabor a fruta, também estas palavras me souberam a fruto doce e sumarento que me alimentou o espiríto: "Gosto da forma como ela se diverte com as palavras, brincando com os sons e com as ideias que têm dentro e da ironia de que se serve para embrulhar assuntos sérios".

 

Obrigada, Teresa Ribeiro.

 

 

 

  

 

No tempo das nêsperas

22
Mai21

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Ilustração Maki Hasegawa

Estamos no tempo das nêsperas, enquanto os dias se alongam calmamente, as nêsperas são como pequenos sois que anunciam a chegada do Verão, com uns caroços que nos deixam as mãos pegajosas e o seu sumo é  capaz de deixar nódoas na roupa dos mais incautos.

Na casa da minha avó havia uma nespereira que dava cachos de nêsperas doces, grandes e redondas, as melhores eram sempre as inalcançáveis à mão, os pássaros mais atrevidos deliciavam-se com elas. Quando o tempo começava a aquecer o meu avô pintava a parte de baixo do tronco com cal, dizia que assim os gatos não mijavam no tronco, nunca cheguei a saber se era realmente verdade. Achava bonito ver assim a árvore engalanada, era sinal que a época das assadas iria começar. Em dias de pescaria que se avizinhavam de pingo no pão, assávamos carapaus manteiga e sardinhas no quintal, comíamos então debaixo de um toldo feito com um cobertor azul claro já velho e fino que era pendurado por cima dos estendais da roupa, a velha mesa de madeira saía para o meio do quintal, os bancos altos de madeira eram os mais cobiçados. Num instante a pinha acendia o lume, nunca compreendi como a minha avó conseguia tal proeza, colocavam-se os pimentos a assar no lume forte, fazia-se entretanto a salada, as batatas já estavam cozidas, mas ainda aconchegadas no calor do tacho. O peixe ia para a grelha, mas antes uma cebola cortada às rodelas era colocada por cima do carvão em brasa, para evitar que se levantasse labaredas,  ou em vez disso uma sardinha fazia o mesmo efeito. Fatias de pão grandes e gordas começavam a ficar ensopadas na gordura do peixe, para no fim colocarmos na grelha e comermos o pão torrado. Bebíamos sempre limonada fresca e com muito gelo, adoçada com açúcar amarelo, muito para ficar doce. Depois no final e para sobremesa nêsperas colhidas ao gosto do freguês.

Dia da Espiga 2021

Mercado do Livramento em Setúbal

13
Mai21

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Composição do ramo e legenda: 

Trigo, centeio e cevada - Simbolizam o pão.

Rosmaninho - chagas de Cristo

Papoila -  sangue de Cristo

Malmequer amarelo - ouro

Malmequer branco - prata

Oliveira - azeite

Videira -vinho

Romãzeira-dinheiro

Desde sempre que tenho em casa um ramo da espiga em casa, durante muitos anos foi-mo oferecido pela minha avó ou pela minha mãe, alguns até eram colhidos por elas, depois do falecimento das duas passou a ser a minha sogra a oferecer-mo. Agora já nenhuma das três o faz, no entanto junto com o ramo ficam as boas memórias.