Muito se tem falado do amianto nas escolas, há telhas partidas há anos, derrubam-se também árvores a torto e a direito nas escolas, fazem-se projectos de reciclagem, ganham-se prémios, há visitas de estudo, desporto escolar, unidades de multi-deficiência, e também uma série de actividades que tornam a escola mais apetecível, mais dinâmica aos olhos de quem a vê. Envolve-se o poder local, os pais, os alunos, os professores, há então a recepção educativa e os jantares de grupo.
Depois há as notícias das escolas fechadas por falta de auxiliares - assistentes operacionais - e as Câmaras que cedem os seus assistentes operacionais para as escolas, para que estas continuem a funcionar. Há pessoas de baixa, há doentes, há velhas quase na reforma, cada vez menos gente para mais trabalho. O trabalho é desgastante, tanto físico como mental, há um rácio estipulado, por alguém do Ministério da Educação, que nunca vem ver realmente o terreno, quando alguém entra de baixa, são os colegas que ficam com o seu trabalho, isto pode acontecer tanto com uma ou mais pessoas, passaram-se anos nisto, nunca ninguém é substituído, são os outros colegas que passam a ter a obrigação de fazer o que outra pessoa fazia, se os professores faltam, se não há professor colocado, se há visitas de estudo, se há desporto escolar, são os auxiliares que ficam com a missão de vigiar toda esta gente que anda pelo espaço escolar sem aulas. Isto acontece cada vez mais, porque a escola a cada dia que passa tem mais para dar em termos curriculares.
E há o amianto.
As auxiliares também prestam primeiros socorros, acompanham os alunos ao hospital quando é imprescindível, o que acontece bastante. E há a multi-deficiência em que os auxiliares agem muitas das vezes como enfermeiros. Os auxiliares tanto podem desempenhar funções num bar, como numa reprografia, ou na papelaria, atender chamadas telefónicas ou estar na portaria. Varrer e despejar lixo. Mudar fraldas, medir a febre, acalmar, basicamente os auxiliares das escolas são cuidadores.
E depois há o amianto. E as fotografias de grupo com os professores e os alunos. Há ainda o Ministério da Educação, mas parece que vamos ser municipalizados, ou seja empurrados para outro terreno, o que faz todo o sentido, pois não aparecemos em nenhuma fotografia nem em nenhum projecto, nem em recepções, nem nas notícias dos jornais, as nossas greves não são explícitas, não sabemos bem para que servimos, não temos carreira especifica. Tanto podemos estar com os meninos, como ir para o cemitério abrir covas.
Continuando com o amianto, há amianto nas escolas, mas não sei o que nos mata primeiro, se ele se a exaustão.