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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Almareadamente

18
Jan23

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Ilustração KoalaCat Art

Habituei-me desde sempre a ouvir os gritos das gaivotas nos dias cinzentos e curtos de inverno, sim nesses  dias as gaivotas não piam, elas gritam -  e fazem-no de forma aguerrida em dias de vendaval - talvez copiando os marinheiros que em dias de tempestade manejam cordas e velas com habilidosa rapidez e alma na voz,  debaixo vejo-as voado em círculos contínuos, umas vezes espaçados outras apertados, são voos revoltos, imitando o vento, lá no alto, almareadas.

 

   

 

25

25
Mar21

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Deus pede hoje estrita conta do meu tempo.
E eu vou, do meu tempo dar-lhe conta.
Mas como dar, sem tempo, tanta conta.
Eu, que gastei, sem conta, tanto tempo?

Para ter minha conta feita a tempo
O tempo me foi dado e não fiz conta.
Não quis, tendo tempo fazer conta,
Hoje quero fazer conta e não há tempo.

Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passa-tempo.
Cuidai, enquanto é tempo em vossa conta.

Pois aqueles que sem conta gastam tempo,
Quando o tempo chegar de prestar conta,
Chorarão, como eu, o não ter tempo.
 

Poema de Frei António das Chagas (1631-1682)