Pintura de Josep Maria Tamburini
Conto azul é o nome da pintura. Há muitos anos atrás, conheci uma pintora, fui a casa dela com outras pessoas para vermos os seus quadros, dava-me com a pessoa que pintava, mas apenas em contexto profissional e há pouco tempo. Todos ficaram maravilhados com o seu trabalho e elogiaram-no, eu fiquei admirada com as suas pinturas, por aquilo que conhecia da pintora imaginava outro ser, aquilo que eu via ali pareciam-me mundos dentro de outros mundos, mas para mim eram mundos tristes e de grande sofrimento, apesar de haver cor, havia muitos espinhos, árvores despidas, caminhos vazios, cenas que passavam para outras cenas, incompletas, ou em busca. Eu gostei do trabalho, dos pormenores das cores, da perfeição, no entanto para além disso vi ali algo que passei a entender no dia-a-dia.
(...)não existe tal coisa como um facto puro e simples. Todos os factos são desde a sua origem selecionados de um contexto universal pela actividade da nossa mente. São sempre factos interpretados, sejam eles olhados à parte do seu contexto, por uma abstração artificial, ou ponderados no seu enquadramento específico. Em qualquer dos casos, transportam os seus próprios horizontes interpretativos internos e externos.
Alfred Schütz