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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Festa do povo defronte da igreja

06
Jun23

Fui comer caracóis a Benavente, estavam bons,  quando chegámos havia música no ar, depois durante um tempo deixou de haver, mais tarde reparei que muita gente saía da igreja, o padre e o sacristão também vieram cá para fora, depreendi que tinha havido missa, juntos seguravam uma cruz comprida e dourada, deverá ter outro nome, ambos envergavam vestes celestiais em tons de bege dourado, entretanto, o padre enerva-se e dá um pontapé num copo plástico da sagres, que estava precisamente à entrada do portão que faz parte da cerca frontal da igreja, foi impressionante ter visto o santo sapato maltratar um símbolo importante de Portugal, a cerveja Sagres, entretanto, a música começou de novo a tocar, deixo-vos o vídeo, para que a possais apreciar como eu a apreciei: 

Para aqueles que pintam ideias

como se as palavras fossem cores (e não coisas meramente intelectuais)

21
Mai23

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É interessante vermos quantas vezes mudamos ao longo da vida, do sentimento que tivemos inicialmente, qual semente perdida no cosmos individual, cuja capacidade é infinita, consoante o momento e a ocasião vivida. 

Já fui árvore junto dos meus, já fui erva daninha para muitos, mas aquilo que sou pouco importa agora neste exacto momento, porque fui feita de muitas ocasiões. Projectar-me para fora de mim é um exercício aliciante, permite-me exercer o meu livre arbítrio de forma silenciosa e solitária. 

Recorro a um dicionário que é só meu, cujas palavras apenas têm o seu significado segundo as minhas próprias experiências, a ninguém mais interessa o valor que lhes dou, são segundo os meus valores e as minhas crenças as quais sinto e vejo à minha maneira, no entanto admiro-me sempre que encontro outros como eu, sinto-os  como velhos conhecidos no tempo e no espaço, coisa estranha de se dizer, muito mais de se escrever, e aí encontro a mesma casa, cada qual com a sua entrada.

Tenho recordado pessoas, sensações, ideias e sentimentos, não só de pessoas que conheço realmente, mas também daquelas que apenas conheço nas suas palavras, não é reflexão que se faça num só dia, são coisas de anos, e chego à quase conclusão que as conheço, que precisava daquela ideia para alavancar outras, que os sentimentos são comuns, que algo nos fez caminhar de encontro ao mesmo carreiro, no entanto continuo à procura, tal e qual uma formiga num carreiro já conhecido, ou como raízes de árvores que se entrelaçam abaixo do solo, sem que ninguém perceba a conexão, coisa invisível, mas que está visível, tanto em baixo como em cima. 

Pensar por pensar, numa busca de ideias sem pretensões de chegar a uma opinião, porque as opiniões mudam e as ideias fluem alcançando outras sinapses, as opiniões são elementos académicos, enquanto as ideias são criatividade pura, chegam de rompante e depressa se esfumam é preciso agarra-las, mas elas não se querem em gaiolas, querem-se livres para que outros possam também usufruir desse lado ilógico do Ser.

Pergunto-me o que tenho trazido e o que levo comigo, sei que agora é mais que ontem, mas o futuro pode ser menos que o presente, no entanto isso não é impedimento de nada, são opções.

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros. Treze anos disto.