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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal -25

12
Set24

IMG_20240912_202457.jpgA perspectiva é uma coisa marada, o que no passado parecia mau, tornou-se no presente  algo maravilhoso, útil, gratificante e deveras terapêutico. Quando fui obrigada, pela minha avó Carolina, a aprender a fazer croché, era para me manter sossegada e não pedir para ir brincar para a rua, e se não fizesse como deve ser toca a desmanchar até ficar no mínimo razoável, só que isso, significava não cometer quase nenhum erro, depressa aprendi que era mais fácil fazer bem do que aldrabar para me despachar a apresentar obra, e em ficando a Mestra satisfeita, era saída na certa.

Na actualidade esta prática salva-me do stress, de pensamentos pesados e dá-me ânimo para um novo dia.  E para mais, sinto-me acompanhada, tal como a Isabel quando faz arroz doce. 

 

Daqui até ao Natal -22

09
Set24

IMG_20240908_141013.jpgTudo daqui pertinho, as lulas, as batatas doces e os tomates cereja. O melhor é que reconheço em cada produto a cara do vendedor ou produtor do mesmo, revejo mentalmente  as mãos com dedos nodosos e calejados,  as costas curvadas do tempo e do trabalho, ou do avental de oleado cheio de escamas, do sorriso e dos votos de boa semana. 

Fiz as lulas como a minha mãe as fazia, e ficaram tal e qual. É como vos disse - eu aqui, ela além -, juntas no aroma e nos sabores. 

Acho que já nasci velha, esta sensação de perceber o porquê das coisas sem saber muito bem explicar por palavras esse sentimento, numa intuição adquirida nos genes, coisa parva dirão uns, outros talvez entendam. 

Perceber a intuição é coisa vã, é como perceber um talento qualquer: pintar, escrever...se não tens vontade e forças não fazes nada de jeito, depois a vontade vem sem te aperceberes, e pode chegar  de enxurrada e nem sempre é bom. 

 

Daqui até ao Natal -14

01
Set24

IMG_20240831_091439.jpgEnumerar ou colocar num pódio aquilo que nos faz falta, pode nos facilitar a vida.

Interessante que à medida que elegemos apenas o excelente, o bom e o suficiente tiramos peso ao dia a dia e tudo se transforma, conservar amizades ou amores de carvão que apenas nos vão sujar ou queimar, conforme a ocasião, manter ao nosso lado gente que não festeja as nossas conquistas e os nossos esforços é como conservar roupa inútil num roupeiro apenas porque não sabemos o que fazer com ela. 

O pior das decisões é que elas envolvem muita dor. Assim, também, é o esforço imposto ao corpo numa corrida, no entanto, quando se corta a meta tudo se transforma, as emoções ao rubro percorrem o nosso corpo envolvendo todos os pedaços dos nossos músculos, foi preciso uma camaradagem conjunta de todos eles para o passo derradeiro, aquele que parece importar mais, que é a ultrapassagem da meta com sucesso, todo o peso ficou para lá do tempo, uma enorme reflexão através da respiração, sozinho acompanhado de si mesmo, assim é o atleta que procura e acha em si mesmo a força, é na ultrapassagem desse cansaço que a janela da alegria se abre.