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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Roda da vida

16
Abr23

O Sol

O Sol volta

O Sol volta e volta

O Sol volta e volta e volta

O Sol volta e volta e volta e volta

&

O Sol numa se revolta

O Sol nunca se cansa

de ser criança

 

 

Em redor do pião,

rodopiamos…

 

Em redor da roda,

rodopiamos…

 

Em redor do Sol,

rodopiamos…

 

Em redor do vento,

rodopiamos…

 

Em redor dos alimentos

rodopiamos…

Em redor da energia,

rodopiamos…

 

Em redor de nós,

rodopiamos…

Os poemas são de João Manuel Ribeiro, in  Roda que Roda.

 

Preencha a sua roda da vida com o grau de satisfação que diz respeito a cada área da sua vida, tenha em conta que o centro da roda é 0%, e o contorno exterior é 100 %, pinte de cores e veja qual é a área a que dá mais atenção, se precisar equilibre o círculo, comece com aquela que poderá influenciar as restantes. Boa semana.

 

 

Fiz um bolo de figos frescos, cortei o meu cabelo e o meu vizinho pôs-se a dançar

31
Jan21

Fiz um bolo de figos frescos, cortei o meu cabelo e o vizinho pôs-se a dançar. Fiz um bolo com figos frescos que foram colhidos no Verão passado, descongelei cinco deles e coloquei-os num tachinho com um pouco de açúcar amarelo e muita canela. Juntei duas chávenas de açúcar com quatro ovos, bati até estar uma massa esbranquiçada, juntei-lhes os figos, um pouco de azeite, alguma água quente e três chávenas de farinha. Meti no forno e esperei que o tempo passasse. Também voltei a cortar o meu cabelo, fiz-lhe um corte a preceito, agarrei na tesoura e pus-me enfrente ao espelho, dividi então o cabelo ao meio, e foi a eito. Está muito aceitável. Às onze e meia da manhã o meu vizinho colocou as suas músicas preferidas em alto e bom som, o homem tem setenta anos e vive sozinho - eu sei que lhe faço companhia quando dou alguns gritos - e então começou a dançar, provavelmente sapateado. Senti-me feliz. Ri com vontade. 

Um punhado de terra

24
Mai20

punhado.jpg

 

Tenho um punhado de terra já exausta, cultivei tantas coisas nela e durante tanto tempo que anulei por completo a sua reprodução, fartei-me de a regar, mas a terra era sempre a mesma,  as culturas não nasciam, ou então cresciam raquíticas e sem sabor. Foi longo o período em que estive em busca de encontrar as soluções para que tudo aquilo tivesse um final fim feliz, culpava a terra, as sementes, a água, o Sol, o vento, a chuva, o frio. Nem me lembrava que a agricultora era eu, as escolhas eram as minhas, o tempo era o meu. Um dia fartei-me daquela terra e olhei à minha volta, havia tanta terra bravia por descobrir. Montanhas, vales, planícies. Porque continuava eu ali a tentar obter algo quando o que via não me levava a nada? 

 

dar e receber.jpg

 

Um punhado de pó,

um punhado de terra,

um punhado de vida,

por cada um - três actos.

 

Em cada acto uma verdade,

de trás para a frente,

em linha,

a coberto e a descoberto.

 

Um mundo por inventar,

para descobrir, 

ousar,

um punhado de tudo.

 

 

Ilustrações são de Hannah Lock