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Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Alice Alfazema

Recortes do quotidiano: do meu, do teu, do seu, e dos outros.

Daqui até ao Natal - 5

23
Ago24

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Ainda sobre fotografia, diz o José em comentário ao meu recorte anterior: 

Nunca tirei uma fotografia de jeito: tudo tremido, até que deixei de tirar fotografias. Há anos, fomos mostrar o farol da Roca, a duas das nossas netas, uma cidadã de origem asiática atirou-me um tablet para as mãos, para lhe tirar uma fotografia com o farol. Ficou desesperada quando viu que eu só tinha apanhado o farol.

Que valente gargalhada eu dei ao ler isto, fez-me lembrar de um outro episódio de há muitos anos (é mesmo há muitos anos, não como agora que três anos já são considerados muitos), assim, há muitos anos o meu cunhado comprou uma máquina fotográfica nova e deu-nos a Canon "velha e pesada", pois bem aquilo tinha uma fita agarrada à máquina, servia para por ao pescoço, ou ao ombro, vai daí, eu que andava a caçar gambuzinos com a máquina, sempre com a fita ao pescoço - recomendação séria do meu marido - comecei a tirar flashs a torto e a direito, mentira que cada rolo dava apenas para tirar vinte a trinta e poucas fotos, com o entusiasmo retirei aquilo do pescoço e pousei a máquina, depois voltei à carga, tiro a foto e largo a máquina, o estrondo com que ela caiu no chão foi o suficiente para aquela malta me arregalar e revirar os olhos  a um só olho, imagem que ficou gravada na minha mente para todo o sempre, tirando os anos que levei a ouvir "segura bem na máquina" ou "leva a máquina ao pescoço"... e por aí fora, não sei como sobrevivi sem fazer terapia, é o meu destino,  já a minha mãe me dizia que eu tinha mãos de aranha. 

Portanto é bom sabermos que não estamos sós em termos de aselhice.

 

#diariodagratidao 25-01-2019

25
Jan19

 

 

Ilustração Andrej Mashkovtsev

 

Hoje aconteceu uma coisa que já não via desde Novembro passado: voltei a acordar com o sol a bater na minha janela, a iluminar o meu quarto, daquele amarelo dourado que dura uns breves minutos.  É algo que gosto muito. Chego a acordar mais cedo para poder desfrutar destes instantes. Hoje estou grata por voltar a receber esta visita. 

 

 

 

Processo

12
Set18

 

Ilustração  Sasha Ivoilova

 

 

É muito importante para mim aprender. Aprender coisas novas, mas coisas velhas também. Porque se pode fazer  novo aquilo que se fazia. Feito entretanto de uma outra forma. Acrescentar algo, ou melhorar, fazer de uma outra cor, pormenorizar. Enfim, não perder o interesse, não estagnar. 

 

Tenho estado ao longo do último ano a aprender a não fazer nada, só a deixar estar. Isto era para mim quase uma tortura. Estar sem fazer nada é uma coisa nova. Agora tenho-me dedicado ao sofá sem mais nada, só ao silêncio, e é tão bom, não pegar num livro, e deixar o pensamento divagar só pela observação.  

 

Há quem pense que é desperdício, no entanto para mim tem sido um processo de aprendizagem muito satisfatório. Finalmente deixei de me importar com o monte de roupa por passar, com arrumação detalhada, e outras coisas que tais, agora trabalho em permanência para os serviços mínimos. 

 

Foi um processo duro, libertar a consciência do fardo do dia-a-dia, fazer de novo o que ainda não foi feito, ser minimalista nas acções para libertar espaço para outras aventuras e aprender de novo, e sempre. 

Reflexão de ano velho para ano novo

08
Dez17

 

Ilustração  Pilar Sala

 

Para mim cada vez faz menos sentido reflectir sobre o ano velho e formular decisões para o ano novo. Parece-me melhor fazer essa reflexão dia-a-dia, é mais rápido e prático. Podemos melhorar a cada vinte e quatro horas. Porquê esperar tanto tempo? E se acontecer um contratempo? E se não chegarmos até lá? Um ciclo pequeno exige menos de nós e corrige o erro que não se agiganta. Se fizermos isso podemos melhorar a cada dia, podemos tentar de novo a cada nascer do Sol, podemos realizar vontades e desejos apenas esperando horas. 

 

O que eu quero de 2018? Quero que tenha muitos desses ciclos de vinte e quatro horas.

 

 

Alice Alfazema